sexta-feira, 12 de junho de 2009

Mente Inconsciente: uma invenção/ criação/ fantasia perigosa


Mente Inconsciente pode ser entendida como movimentos psíquicos de finalidade própria, não governáveis pelo indivíduo que os possui, mas que governa muito do que ele sente, em outras palavras, o ditador que existe dentro de cada ser humano, que tem idéias por si e que é apenas passível de ser limitadamente compreendido e em nada governado.

A mente inconsciente é a pior invenção de alguns pensadores da psicologia por duas razões: é inexistente e tira a capacidade do indivíduo de liberdade de pensamento/ espírito. Como alguém pode se considerar livre sem conseguir lidar, entender e governar em grande parte a si mesmo, os próprios raciocínios, emoções e atitudes? Pois bem, é isso que as teorias que usam da idéia de mente inconsciente, também chamadas de psicodinâmicas, dizem.

Alguns comuns conceitos errôneos e acontecimentos psíquicos contribuem para esse complexo erro:

Toda atitude tem uma intenção
É a idéia de que todo efeito psicossomático, psíquico, sentimental/emocional tem uma intenção psíquica. Assim, sonhar com A ou B tem uma intenção em si, falar ou fazer uma ou outra coisa tem uma finalidade desconhecida, ter uma doença de base psicossomática foi um efeito buscado. Ora, nesses termos, o seguinte raciocínio está montado: todo comportamento humano (incluindo falas, movimentos corporais, sentimentos e pensamentos) tem uma causa psíquica (até aqui é verdade), toda causa psíquica tem uma intenção/ finalidade (perigoso erro, pois para haver uma intenção, é necessário ter existido um mínimo de lucidez frente os ganhos e perdas que se terá ao fazer algo, fazendo seu balanço e optando pela ação, porém, muitos hábitos psíquicos ocorrem apenas por uma reprodução de aprendizagens, sem visar ganhos nem evitar problemas, como no caso de uma determinada maneira de caminhar ((muitas vezes apenas um comportamento reproduzido)) ou dizer para si mesmo que é incompetente ((geralmente apenas repetição de falas ou posturas dos educadores)), e todo efeito de um ato próprio foi buscado (outro erro, mas agora derivado do fato de não haver diferenciação do efeito colateral de conseqüência buscada. Por exemplo: se derrubar uma xícara de café na mesa, queimando ou sujando alguém, por um movimento brusco ou imprudente, foi porque havia uma intenção inconsciente de assim o fazer, e não porque foi apenas uma atitude estabanada, imprudente).

Sonhos
Na tentativa desesperada de se explicar toda a atividade psíquica, busca-se achar coerência ou lógica nos sonhos, que são raciocínios mais ou menos arbitrários do dia a dia reproduzidos durante a noite, daí suas similaridades com o dia a dia. Ora, sem a menor dúvida, raciocínios coerentes ocorrem durante a noite, levando por vezes à solução de problemas para o dia a dia, contudo, a coerência do sonho é, na maioria das vezes, limitada.

A idéia de sonhos terem uma coerência fundamental à psique humana já sugeriu vários livros de fantasias confundidos com ciência.

Sentimentos/emoções
O tempo de alguém imaginar que está sendo traído e ter o sentimento referente a esse raciocínio é de dois décimos de segundo (o tempo entre o pensamento provocar a estimulação da glândula supra-renal, levando à liberação de adrenalina, que por sua vez aumentará o batimento cardíaco e que dará a sensação no peito), devido à velocidade da idéia, que pode durar apenas dois ou três segundos, e seu efeito no corpo, o qual tenderá a durar cerca de até vinte minutos, há a impressão de que o efeito (sentimento) tem causas outras não observáveis ou governáveis.

É razoável afirmar que 90 por cento dos nossos sentimentos advém dos pensamentos e aprendizagens, os outros dez por cento viriam de fome, frio, efeitos dos ciclos hormonais, alimento ingerido, drogas em geral, álcool e assim por diante.

No que se refere a “amor à primeira vista”, a idéia é muito simples: ao longo da vida, o indivíduo aprendeu a ter prazer/ valorizar determinado tipo de corpo, sorriso, atitude, caminhar, dialogar e afins, ao ver uma pessoa que representa tudo isso, as aprendizagens, gravadas em redes neurais, provocam seus efeitos, sem um pensamento no presente, mas inteiramente gerados pelas aprendizagens passadas.

Concluindo, na busca do autoconhecimento e autogoverno, é necessário o indivíduo aprender a perceber o que pensa, e ao alterar esse aspecto, alterará os seus sentimentos/ emoções.

Trocas de nomes em momentos diferentes
Num momento de conversa com o atual namorado, a mulher, durante uma piada, chama o atual namorado pelo nome do ex-, duas possibilidades: ou ela estava pensando no outro, ou ela apenas, devido ao hábito, falou o nome que costumava dizer em momentos como esse, sem intenção, desejo ou qualquer outra coisa. Caso o ocorrido se referisse a estar pensando no ex-, muitas poderiam ser as razões, desde desejo, comparação, ou dezenas de possíveis outras causas.

Falta de entendimento dos movimentos psíquicos chamados de psicopatológicos
Há várias definições para psique, aqui vai a da Hipnoterapia Educativa: uso dos sentidos de maneira objetiva (o que é visto, ouvido, sentido através do tato, gustação ou olfato) e subjetiva (o que é imaginado, “dito” e sentido através dos outros sentidos), podendo ter efeitos de prazer ou dor no corpo, buscando o primeiro e se afastando do segundo, movimento esse chamado de instinto.

A psicopatologia é o estudo das doenças da psique, definir o termo doença é complicado, são inúmeras possibilidades, como: o que provoca dor, a perda de autogoverno, a incapacidade presente de raciocínio coerente, com ou sem efeitos de alucinação. Independentemente de qual seja a definição, todas, na medida em que tiverem causas psíquicas (poderia ser efeito de uso de drogas ou DNA), serão conseqüências de aprendizagens ou dificuldades de lidar com problemas presentes do paciente.

Ganhos possíveis de acreditar na Mente Inconsciente
Os mais comuns são:
- Criticar é mostrar a falta de verdade de um determinado sistema de idéias nas suas premissas e/ou incoerências entre elas, identificar umas e outras é complexo, sendo raramente algo ensinado em qualquer lugar. Então, seguir idéias é mais fácil do que questioná-las. Refletir e questionar não apenas dói por ser um esforço, como também gera inseguranças, e por vezes, solidão (essa é outra discussão).
.
- Muito da formação de psicólogos e psicoterapeutas não tem a finalidade de questionar idéias, mas sim a seguir as já colocadas, e questionar todas as demais. Por exemplo: não há, em geral, um real questionamento sobre o que Freud disse, mas apenas um gostar ou se identificar com suas idéias ou não. Ora, ciência não é algo para ser gostado ou não, mas sim descoberto, aprendendo a lidar com seus efeitos.
.
- Tanto mais difícil para o paciente se conhecer por si e lidar com os próprios problemas da vida, tanto mais ele dependerá do psicoterapeuta, também aumentando a estima por este, tocando na vaidade do terapeuta.
.
- Ter-se como detetive da profundidade psíquica e ares de intelectualidade por entender o Ser Humano nos seus abismos. A vaidade é uma comum causa para erros e persistência neles.
.
- Um pessimismo impotencializador e reconfortante que propõe a imutabilidade da própria estrutura psíquica, devendo apenas aceitar a si, não se preocupando em mudar e não responsabilizando a si profundamente pela própria condição de vida.
.
- Estadia anual do paciente em psicoterapia, mesmo que seja apenas por uma fobia de elevador desprovida de complexidades. Ter vinte pacientes que vão à terapia até duas vezes é o suficiente para ter garantia financeira.
.
Com base nessas idéias e outras possíveis, o conceito de mente inconsciente ganhou espaço na psicologia e filosofia devido a entendimentos errôneos do funcionamento da psique, cada vez menos existente em lugares que se preocupam com ciência.

Portanto, penso que a idéia de mente inconsciente estará para a psicologia, no futuro, como a religião está para a ciência no presente, ou seja, no buraco da falta de compreensão, planta-se a pseudociência e crença.

2 comentários:

Cláudia Nogueira disse...

Demoraste a nos escrever sobre a "mente inconsciente", só faltou o "sábia". Gosto quando tu falas da "vaidade do terapeuta...", da responsabilidade por nossas vidas..., mente inconsciente, mudei meus conceitos adquiridos anos atrás,...grato pelo texto!
Bona:)

Ana Paula Bigheti disse...

Bayard, gostei muito do texto sobre o pessimismo e lembrei-me da frase: "o pessimista reclama do vento, o otimista espera que o vento mude e o realista ajusta as velas". Ter a lucidez de fazer por si sem esperar de outro ou de algo não palpável é realmente libertador.
Abraço
Ana Paula Bigheti
São José dos Campos - SP