Tolerar, Desculpar e/ou Perdoar?

Tolerar é suportar o peso ou erro de alguém, inclusive o próprio.

Desculpar é tirar a culpa, ou seja, uma vez (re-)pensado o assunto, percebe-se que a pessoa não teria cometido um "delito" numa causa, ato e/ou efeito de um determinado comportamento.

Perdoar é se entregar por inteiro a alguém, novamente, após ter sido machucado por essa pessoa.

Duas formas de aprendermos tolerância: (a) percebermos que já machucamos tantas pessoas e/ou tão profundamente quanto a pessoa em nossa frente o fez ou faz conosco, mesmo (quase) nunca tendo sido intencional, livre e/ou forte; (b) cada um é diferente, no processo de nos relacionarmos com alguém, há sempre a certeza de sermos machucados e machucarmos em maior ou menor nível. 

Desculpar é simplesmente perceber que o delito no relacionamento, é uma ferida provocada pelo outro e que é justa. Por exemplo: "jogar na cara de alguém" uma frase é dizer algo verdadeiro e que dói, necessário muitas vezes, até porque a verdade dolorosa é a primeira a ser esquecida para preservar o bem-estar próprio, eventualmente provocando o mal-estar no outro, como um filho que fala que o pai apenas deu condições financeiras para crescer e ter uma excelente educação, ao que o mesmo responde algo como tendo sido isso que facilitou o sucesso profissional do filho. Talvez o pai pudesse ter feito mais, mas isso não significa que ele não tenha feito coisas boas. Há aqui um mecanismo amplo de coisas boas e ruins de um e outro, mas essa é outra discussão.

Perdoar é algo complexo, Muito mais fácil de ser dito do que feito. Uma mulher se entregar para um homem, por inteiro, após ter sido traída por ele com outra; um homem se entregar plenamente a uma mulher depois de ter sido desrespeitado de maneira intensa e constante; uma mãe se permitir a amar novamente um filho que a agrediu física e verbalmente, juntamente com furtos do mesmo, na época em que era viciado em crack; podem ser tarefas impossíveis. Alguns movimentos que possam se mostrar úteis para facilitar o perdão: (1) superar ou curar as dores provocadas pelo outro; (2) acreditar que o outro mudou e que não fará o que fez; (3) estar pronto, na medida do possível, para passar novamente pelo que já ocorreu, suportando/tolerando bem a coisa; (4) dar tempo ao tempo; e (5) entender a humanidade realisticamente, esperando normais momentos de fraqueza, ignorância, pequenas maldades e bobagens dos outros.

Entretanto, quem de todos tudo perdoa ou tolera, respeita-se em nada e quem perdoa nada dos outros, estará destinado a ser solitário, mesmo rodeado por muitos. Quem perdoa nada de si, está fadado a uma péssima companhia por toda a vida.