quinta-feira, 23 de julho de 2020

Dificuldades Sexuais e Possíveis Superações

Problemas sexuais correspondem à dificuldade de ter uma relação sexual tranquila e satisfatória, e são comuns tanto em homens quanto em mulheres. Os incômodos mais frequentes se referem à ejaculação precoce, disfunção erétil (perda da ereção), diminuição da libido, falta de lubrificação e anorgasmia (dificuldade em atingir o orgasmo).

Algumas consequências das insatisfatórias relações sexuais são:
- A sensação de ineficiência em termos de performance sexual, que ganha peso pelo comum desconforto do parceiro ou parceira por reclamar da falta de eficiência, facilitando o seguinte ciclo vicioso: quanto mais ele ou ela se preocupa com a performance, mais ansioso fica, facilitando a dificuldade sexual em questão, que pode ser alimentada pela decepção silenciosa ou falada do parceiro ou parceira.

- Medo de que o parceiro ou parceira comente com outros as dificuldades do indivíduo com problemas sexuais, aumentando mais a ansiedade e probabilidade de nova decepção, dificultando relacionamentos sexuais com pessoas conhecidas por conhecidos ou amigos.

- Medo de ser traído ou rejeitado na eventualidade de permanecer a dificuldade sexual.

- Evitar qualquer tipo de contato sexual com o(a) parceiro(a) para não passar por uma nova frustração, justificando a falta de contato com base em ausência ou pouca vontade de ter relação sexual.

- Todas estas dificuldades tendem a provocar estranhezas no relacionamento, sejam inseguranças em termos de amor, fidelidade ou sensualidade de um ou ambos; podendo gerar, inclusive, a separação do casal.

- Na eventualidade de durarem as dificuldades acima descritas e/ou se tornaram mais ou menos frequentes, há a possibilidade de serem reproduzidas as dificuldades em questão em relacionamentos futuros.

As razões pelas quais os problemas sexuais ocorrem têm 2 bases comuns:

- Algo que dificultou ou dificulta as relações sexuais, sendo normal ansiedades em relação a um contexto preocupante, como diferentes aspectos da Pandemia; uma educação moral e valores que entendam as relações sexuais como sendo “sujas”, “feias”, “pecadoras” ou variações; preocupações econômicas; temores em termos da própria saúde ou de alguém amado; medo de perda do relacionamento; eventuais traumas sexuais; desgaste ou mágoas do relacionamento atual, bem como à falta de novos estímulos, ao costume e à indiferença daqueles que, um dia, foram apreciados e/ou qualquer outra emoção ou contexto que dificulte o foco no momento da relação sexual, interferindo no prazer do momento.

- Medos em termos de não ter um desempenho sexual satisfatório, não permitindo um estado de concentração no prazer do ato, geralmente, alimentado pelo histórico das dificuldades.

Vale ressaltar ainda que, os pesos carregados e não bem cuidados ao longo da vida, refletindo em pensamentos, comportamentos e humor alterados, tendem a diminuir o apetite sexual e originar para outras queixas sexuais; da mesma forma, embora nem sempre, no uso de alguns medicamentos, comum nos antidepressivos. 
 
Então, alguns possíveis exercícios para superar as dificuldades sexuais:

1) Listar o que dificulta ou dificultou as relações sexuais (aqui, você pode usar uma ou mais das causas comuns expostas acima, seja da base 1 e/ou 2).

2) Para cada item da lista, pensar numa ou noutra forma de evitar e lidar com ele, caso o temido venha a ocorrer. Exemplos:

 a) Se o problema tiver como base a moral sexual aprendida; vale  questionar o que um dia foi aprendido como sendo certo e errado sobre  o ato sexual.

 b) Observar o lhe dá e deu prazer sexual, de fato, percebendo quais  dessas características lhe inspiram sexualmente, seja cheiro, gemido,  formato do corpo, roupa, beijo, ver o prazer nele ou nela e maneira de  fazer sexo (seja posição, com ou sem sexo oral, ritmo e outros). Agora,  comparar com o seu parceiro ou parceira atual, podendo se perguntar:  está faltando algo importante para ter mais foco ou atração sexual?

 c) Aprender a se concentrar e relaxar no momento do ato sexual,  permitindo um aumento de atenção e foco para aquele momento, e não  em outras preocupações.

 d) Aprender a lidar com uma possível traição ou separação na  eventualidade de ocorrer. Afinal, temos pouco controle sobre o que pode  ser feito conosco, mas muito com o que podemos fazer caso façam.

 f) Aprender a se relacionar com uma outra pessoa futuramente, caso  necessário; seja superando as próprias dificuldades ou escolhendo  melhor alguém para você mesmo. Pois o que faz bem para outra  pessoa, pode não fazer para você.

 g) Aprender a dialogar com o(a) parceiro(a) de maneira tranquila pode  ser um grande remédio para a dificuldade sexual em questão.

Todas estas ideias contêm seus pesos e dificuldades, é possível buscar as respostas sozinho(a) através de bons filmes, livros, músicas ou com a ajuda de outros, seja em familiares, amigos ou profissionais da área da psicologia ou psiquiatria.

Os atos sexuais ocorrem de maneira satisfatória na medida em que as pessoas estiverem concentradas naquilo que dá o prazer sexual. Eventuais obstáculos para esta concentração, na medida em que forem superados, levarão ao desfrute da relação sexual naturalmente, não importando se o problema estiver persistindo há meses ou décadas; uma vez que esteja claro que o problema sexual tenha causa psicológica e não outra (uma forma de saber se a causa é orgânica ou psicológica é na masturbação; sendo ela tranquila em termos de prazer e orgasmo, a enorme probabilidade é de que seja causa psicológica).

Dificuldades sexuais por causas psicológicas são comuns, assim como a superação delas.

Autores:
Bayard Galvão (Psicólogo clínico – Presidente do Instituto Milton Erickson - SP)
Bruna Lavoura (Estudante de Psicologia - FMU-SP)

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