quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Agressão e Violência (parte I)



Situações

Situação 1: A 50 metros da entrada de uma das faculdades mais prestigiadas do Brasil, alunos da mesma começam uma briga num bar onde sobram garrafadas e cadeiradas nas diferentes cabeças. Arrastado pela, aparentemente, namorada, após 20 metros de caminhada do bar, um indivíduo ensanguentado da cabeça à cintura, provável ganhador de uma das gratuitas garrafas, faz o grito da torcida do seu time.

Situação 2: torcedor do outro time na rua, após o jogo de futebol, começa a ganhar socos e pontapés no corpo e cabeça, da torcida do time adversário, até a morte. Ainda vivo, enquanto outros seres vão passando por perto, aproveitam a situação do indivíduo caído no chão e pisam e chutam a cabeça do já inconsciente cidadão.

Situação 3:
homem torturado e queimado vivo em praça pública, abarrotada de pessoas excitadas que querem ver o grotesco espetáculo. A desculpa da estupidez é ter dito algo contra a religião católica, cujos representantes afirmavam que assim o faziam para libertar a alma do pobre herege.

Situação 4: homem, apaixonado pela sua religião, grita: “Morte aos infiéis!”, podendo ser traduzido por “Morte a quem não pensa como eu!”

Situação 5: homens eruditos se juntam, planejam e executam as suas idéias de exterminar em câmaras de gás milhões de pessoas, seja por serem de uma religião diferente ou adversários de uma guerra que eles mesmos começaram. Vários seguem as ordens e matam com base nessas idéias.

Conceito

Empatia é o ato de se colocar no contexto do outro, entendendo, na medida do possível, como se sentiria, agiria e pensaria numa situação similar.

Hipótese bastante provável

A agressividade, ou seja, ir contra alguém física e/ou verbalmente, provoca um prazer genético, como sexo. Esse prazer é perceptível nas suas múltiplas formas: gostar de ver acidentes de carro; lutas; filmes de ação; falar mal do outro; imaginar-se batendo/ matando/ fazendo sofrer/ vingando-se de alguém e/ou ter surtos de raivas incontroláveis (verbal e/ou física), sendo que as 2 razões para serem incontroláveis são: enorme alívio no processo de agredir e/ou intenso prazer de agredir.
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Vale ainda comentar que existe um poderoso incentivo de base orgânica, em agressões de massa, que é a intensificação das emoções através da identificação com as emoções do outro contra alguém em comum. Contudo, relevante também lembrar que andar em grupo acaba sendo (aqui já não é mais de base orgânica) uma forma de se auto-afirmar, assegurar-se de si, sentir-se protegido, enaltecido e ratificado.

Existem outras causas comuns para o prazer e alívio através da agressividade que não seriam genética: considerar a ação como correta; fonte de vaidade, como no caso da idéia masculinidade estar relacionada à agressividade; sensação de prazer pelo poder de ser capaz de agredir o outro; sensação de superioridade ou apenas repetição de padrões aprendidos, seja com quem fosse.

Possíveis reflexões

Gostar de agredir é como gostar de sexo, alguns gostam muito, outros nada e outros, ainda, desgostam.

Ora, se agredir é muitas vezes uma fonte de prazer e/ou alívio, por que não agredir? Três comuns razões: (a) moral, (b) medo de ser punido e/ou (c) empatia. A primeira tem, geralmente, uma base religiosa; a segunda é a punição por um policiamento, muitas vezes, inexistente, senão complacente; e a terceira, bom, essa é mais incomum, até porque para tê-la, seria necessário o agressor ter passado, em algum nível, pelo que a vítima está passando, lembrando de como se sentiu, não querendo provocar uma dor que teve em outro.

Uma solução para a violência

Parece que Maquiavel disse: entre ser amado ou temido pelo povo, opte pelo medo. Concordo com Maquiavel nesse aspecto, entre educar uma população no conceito moral de que o certo é tratar ao outro como gostaria de ser tratado, que o certo é respeitar o próximo, ou transformar empatia em algo comum a todos, é mais eficiente o medo da punição de ser pego. Alguns comentam que os norte americanos são um povo que respeita o próximo (norte americano?), mas penso que a causa real seja que as pessoas temem a punição por lá, eis a grande diferença.

Obviamente, numa sociedade perfeita, a punição não seria necessária porque todos indivíduos se preocupariam em não machucar o outro.

Einstein disse melhor (não sei se exatamente assim): “tenho certeza de duas coisas na vida: o universo está em expansão e da ilimitada estupidez humana, e sobre a primeira não tenho muita certeza”. Dessa maneira posto, imagino que a melhor forma de diminuir a curto prazo a estupidez humana, seja tornar mais eficiente a punição dos agressores.

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