quinta-feira, 23 de julho de 2020

Dificuldades Sexuais e Possíveis Superações

Problemas sexuais correspondem à dificuldade de ter uma relação sexual tranquila e satisfatória, e são comuns tanto em homens quanto em mulheres. Os incômodos mais frequentes se referem à ejaculação precoce, disfunção erétil (perda da ereção), diminuição da libido, falta de lubrificação e anorgasmia (dificuldade em atingir o orgasmo).

Algumas consequências das insatisfatórias relações sexuais são:
- A sensação de ineficiência em termos de performance sexual, que ganha peso pelo comum desconforto do parceiro ou parceira por reclamar da falta de eficiência, facilitando o seguinte ciclo vicioso: quanto mais ele ou ela se preocupa com a performance, mais ansioso fica, facilitando a dificuldade sexual em questão, que pode ser alimentada pela decepção silenciosa ou falada do parceiro ou parceira.

- Medo de que o parceiro ou parceira comente com outros as dificuldades do indivíduo com problemas sexuais, aumentando mais a ansiedade e probabilidade de nova decepção, dificultando relacionamentos sexuais com pessoas conhecidas por conhecidos ou amigos.

- Medo de ser traído ou rejeitado na eventualidade de permanecer a dificuldade sexual.

- Evitar qualquer tipo de contato sexual com o(a) parceiro(a) para não passar por uma nova frustração, justificando a falta de contato com base em ausência ou pouca vontade de ter relação sexual.

- Todas estas dificuldades tendem a provocar estranhezas no relacionamento, sejam inseguranças em termos de amor, fidelidade ou sensualidade de um ou ambos; podendo gerar, inclusive, a separação do casal.

- Na eventualidade de durarem as dificuldades acima descritas e/ou se tornaram mais ou menos frequentes, há a possibilidade de serem reproduzidas as dificuldades em questão em relacionamentos futuros.

As razões pelas quais os problemas sexuais ocorrem têm 2 bases comuns:

- Algo que dificultou ou dificulta as relações sexuais, sendo normal ansiedades em relação a um contexto preocupante, como diferentes aspectos da Pandemia; uma educação moral e valores que entendam as relações sexuais como sendo “sujas”, “feias”, “pecadoras” ou variações; preocupações econômicas; temores em termos da própria saúde ou de alguém amado; medo de perda do relacionamento; eventuais traumas sexuais; desgaste ou mágoas do relacionamento atual, bem como à falta de novos estímulos, ao costume e à indiferença daqueles que, um dia, foram apreciados e/ou qualquer outra emoção ou contexto que dificulte o foco no momento da relação sexual, interferindo no prazer do momento.

- Medos em termos de não ter um desempenho sexual satisfatório, não permitindo um estado de concentração no prazer do ato, geralmente, alimentado pelo histórico das dificuldades.

Vale ressaltar ainda que, os pesos carregados e não bem cuidados ao longo da vida, refletindo em pensamentos, comportamentos e humor alterados, tendem a diminuir o apetite sexual e originar para outras queixas sexuais; da mesma forma, embora nem sempre, no uso de alguns medicamentos, comum nos antidepressivos. 
 
Então, alguns possíveis exercícios para superar as dificuldades sexuais:

1) Listar o que dificulta ou dificultou as relações sexuais (aqui, você pode usar uma ou mais das causas comuns expostas acima, seja da base 1 e/ou 2).

2) Para cada item da lista, pensar numa ou noutra forma de evitar e lidar com ele, caso o temido venha a ocorrer. Exemplos:

 a) Se o problema tiver como base a moral sexual aprendida; vale  questionar o que um dia foi aprendido como sendo certo e errado sobre  o ato sexual.

 b) Observar o lhe dá e deu prazer sexual, de fato, percebendo quais  dessas características lhe inspiram sexualmente, seja cheiro, gemido,  formato do corpo, roupa, beijo, ver o prazer nele ou nela e maneira de  fazer sexo (seja posição, com ou sem sexo oral, ritmo e outros). Agora,  comparar com o seu parceiro ou parceira atual, podendo se perguntar:  está faltando algo importante para ter mais foco ou atração sexual?

 c) Aprender a se concentrar e relaxar no momento do ato sexual,  permitindo um aumento de atenção e foco para aquele momento, e não  em outras preocupações.

 d) Aprender a lidar com uma possível traição ou separação na  eventualidade de ocorrer. Afinal, temos pouco controle sobre o que pode  ser feito conosco, mas muito com o que podemos fazer caso façam.

 f) Aprender a se relacionar com uma outra pessoa futuramente, caso  necessário; seja superando as próprias dificuldades ou escolhendo  melhor alguém para você mesmo. Pois o que faz bem para outra  pessoa, pode não fazer para você.

 g) Aprender a dialogar com o(a) parceiro(a) de maneira tranquila pode  ser um grande remédio para a dificuldade sexual em questão.

Todas estas ideias contêm seus pesos e dificuldades, é possível buscar as respostas sozinho(a) através de bons filmes, livros, músicas ou com a ajuda de outros, seja em familiares, amigos ou profissionais da área da psicologia ou psiquiatria.

Os atos sexuais ocorrem de maneira satisfatória na medida em que as pessoas estiverem concentradas naquilo que dá o prazer sexual. Eventuais obstáculos para esta concentração, na medida em que forem superados, levarão ao desfrute da relação sexual naturalmente, não importando se o problema estiver persistindo há meses ou décadas; uma vez que esteja claro que o problema sexual tenha causa psicológica e não outra (uma forma de saber se a causa é orgânica ou psicológica é na masturbação; sendo ela tranquila em termos de prazer e orgasmo, a enorme probabilidade é de que seja causa psicológica).

Dificuldades sexuais por causas psicológicas são comuns, assim como a superação delas.

Autores:
Bayard Galvão (Psicólogo clínico – Presidente do Instituto Milton Erickson - SP)
Bruna Lavoura (Estudante de Psicologia - FMU-SP)

sexta-feira, 1 de maio de 2020

Esgotamento Psicológico na Pandemia

Até antes da quarentena, as pessoas estavam vivendo dentro de um padrão já claro, seja com o trânsito, contas a pagar, responsabilidades familiares, dificuldades de saúde, problemas afetivos e outros; alguns estavam perto dos seus limites de esgotamento orgânico e emocional, outros, mais longe.

Aí, veio a Pandemia.

Ela veio com uma variável enorme de pesos emocionais, sobrecarregando muitas pessoas, e extremamente disseminada por várias mídias parasitarias, tendenciosas e sedentas por dinheiro e poder; com capas de heróis que relatam apenas fatos (para quem acredita em "Papai Noel").
 
Vários dos seus pesos são:

- Com música de terror “hollywoodiano” no Jornal Y: “Indivíduo de menos de 30, fora do grupo de risco, morre!”. Pesos: “eu posso morrer a qualquer momento, assim como quem amo também!”; “ninguém está a salvo”, gerando medo, ansiedade, tristeza, sensações de impotência, catastrofismo iminente e sofrimento por estas dores.

- Com música de sofrimento e cenas de bondade: "#fiqueemcasaenaotrabalheforadelaouserapreso”, sendo que, enquanto isso, serão libertados líderes de facções criminais. A hipocrisia deste aspecto é simplesmente inominável e “inadjetivável”. Pesos: raiva, injustiça, medo de ficar sem condições econômicas E indignação.

- Pensamentos provocados pelos medos: “A pessoa na minha frente pode estar contaminada sem saber, e não está usando máscara!”. Pesos: “essa pessoa pode me contaminar!”; “não respeita a mim e nem aos meus familiares, boçal!”, gerando medo, raiva, pensamentos persecutórios, sensações de injustiças e desrespeito social.

- “Mantenha-se distante do público de risco, fique confinado com ele ou ela, e se tiver que sair, cuidado, você pode contaminá-lo ou contaminá-la e matar quem você ama!” Pesos: “sou responsável pelo meu pai ou avó não contraírem o vírus e se eles o fizerem, serei culpado pela morte de quem amo!”; podendo provocar apreensão, culpa, ansiedade e tristeza.

- “Mantenham as crianças em casa, pois podem se tornar os maiores disseminadores do vírus chinês!”. Pesos: “crianças cheias de energia e num ambiente de 30, 100 ou 150 metros quadrados por cerca de 60 dias” (ninguém que estiver lendo este texto passou por isso na vida, salvo aqueles que tiveram doenças graves, e mesmo alguns destes podiam sair de casa sem problema algum); tentativa de entreter os filhos gerando exaustão, além dos sofrimentos nos próprios pequenos, por contenção de energia; somado a brigas com os filhos e entre o próprio casal.

- “Homeoffice dava a impressão de que trabalharia menos, mas tenho trabalhado mais, inclusive, por medo de perder o emprego”. Pesos: cansaço próprio do excesso de trabalho, somado aos afazeres domésticos (mas isso para quem de fato se confinou, mas não se “esqueceu” de liberar os seus colaboradores para a casa deles).

- “A crise econômica está piorando, tantos desempregados, diminuição de salário, e possibilidade de perder o emprego nos próximos dias”. Pesos: possibilidade de demissão gerando medos relacionados a passar por uma crise econômica e eventuais sofrimentos que possam vir disso: tirar os filhos da escola, não conseguir pagar o convênio de saúde do pai ou mãe no mês seguinte, não conseguir pagar a casa de repouso da vó com Alzheimer, não conseguir manter o filho na faculdade e por aí vai; gerando sensações de incompetência, fracasso e diminuindo a autoestima e orgulho da própria vida.

- “Compra de aparelhos por R$ 550 milhões e que poderiam ter sido comprados por R$ 54 milhões, com o seu dinheiro, sem licitação e para poder salvar você no futuro!”; prefiro não me ater muito neste. Uma verdadeira violência física, emocional e moral contra o povo.

- Acúmulo de funções do trabalho provocados pela demissão de colegas. Além do próprio medo de perder o emprego, uma real sobrecarga de responsabilidades e deveres. Pesos: cansaço por excesso de atividades profissionais, sensação de incapacidade de lidar com tudo que é esperado e diminuição do tempo de lazer.

- E para fechar com requintes de sorte do inferno: uma crise política ridícula agravada por fascistas e narcisistas. Pesos: viver num estado fascista que fica dentro de um país democrático, inspirando indignação e confusão.

Muitos chegarão ao final da pandemia e após ela com quadros de “Síndrome de Burnout (esgotamento)”, de “Ansiedade” (como TOC e “Síndrome do Pânico”), “Depressão”, de piora nos relacionamentos afetivos e diminuição de autoestima; e com aqueles que assim ocorrer e for doloroso demais tentar resolver sozinho, procure ajuda em familiares, amigos sábios, religião, psicologia clínica e/ou psiquiatria.

E aí vão algumas soluções nada simples, mas extremamente necessárias: aprender a viver bem para morrer bem, consigo e outros; aprender a passar por crises econômicas (qualquer brasileiro com mais de 20 anos já passou por uma, com maior ou menor nível de percepção); afastar-se das “mídias vampirescas-tóxicas”, evitando ser contaminada por ela, entrando em contato o mínimo possível; esconder a balança da casa e não se pesar até 2 meses após a quarentena; além de aprender a se divertir em casa (“Netflix”, filmes, músicas, livros, chocolate, vinho, comidas gostosas, jogos com os familiares, videogame, Sudoku e outros).

Afinal, a sabedoria é tão mais necessária quanto mais difícil for a vida do Indivíduo.

Dr. Bayard Galvão 
Psicólogo Clínico 
Presidente do Instituto Milton Erickson de São e de Hipnoterapia Educativa

terça-feira, 7 de abril de 2020

A Cura da Pandemia Psicológica Despertada pelo COVID-19 – Texto VII - Luto

A probabilidade do COVID-19 matar alguém próximo de você é muito baixa, mas a reflexão é fundamental para nos imunizarmos, dentro do razoável, para lidar com uma das bases existenciais do terror atual inspirado pelo vírus e explorado por muitas mídias: ter que lidar com a morte de alguém.

Claro, o tema do luto valeria algumas dezenas de páginas, mas tentarei colocar de maneira clara e sintética algumas das ideias em alguns parágrafos. Ainda, a proposta não é abordar o tema com uma postura religiosa do tipo: “você verá determinada pessoa novamente”.

Lembro-me de um garoto de 15 anos que olhou para mim com os seus grandes olhos verdes aterrorizados e disse: "doutor, não me deixe morrer!". A sua fala transtornou, mais uma vez, o seu pai, mãe e tia ali presentes. Os pedidos dele vinham com impotência, tristeza e desespero, rasgando todos ali presentes. Ele já estava lutando contra um câncer agressivo que já tinha tomado quase os dois pulmões inteiros e que ceifaria a sua vida em 3 dias. Tudo que eu consegui fazer foi relaxá-lo naquele momento e preparar melhor os quatro, na medida do possível, para uma morte que viria. A vida dele chegou ao fim no domingo, o luto dos que ficaram continuou.

Luto é sofrimento, e este se refere à perda de alguém para a morte, seja pela perda do que ela significava, fazia e/ou até por culpa de ter ou não ter feito algo que achava que devesse.

Algumas pessoas que cruzam as nossas vidas se tornam insubstituíveis pelos sabores do e no tempo que tivemos juntos. Sorte daqueles que tiveram alguns desses seres brilhantes em suas vidas & que souberam degustá-los, dentro da sabedoria que possuíam na época.

O luto é um sofrimento resultante de diferentes comuns emoções, em maior ou menor nível e variedade: (1) saudades da alegria e felicidade das boas lembranças com quem se foi; (2) perda de futuros novos bons momentos; (3) abraços e lições que acabamos apenas percebendo os valores depois de perdermos; (4) a dor da culpa por não termos dito as doces palavras e abraços que um dia seguramos por medo de ser piegas ou nos mostrarmos vulneráveis; (5) perda de um porto seguro diário para as atitudes a tomar na próxima hora ou ano; (6) a perda de sentido do que antes tinha muito significado porque o que realmente era importante era se unir e vibrar junto com a pessoa que não mais está; (7) olhar para planos e perceber que ele ou ela que se foi apenas estará lá como uma lembrança do que poderia ter sido, mas não será; (8) a culpa de achar que se tivesse feito uma ou outra coisa teria impedido a morte; (9) a culpa de ter sido rude no último contato antes da morte da pessoa; (10) o medo de trair a pessoa que morreu se voltar a ser feliz novamente, sem a presença dela; (11) a perda de quem abraçava num momento de pavor e pudesse honestamente dizer que estaria junto e que tudo ficaria bem; (12) a dor de chegar em casa e ter ninguém com quem conversar sobre o dia, sonhos, medos, planos, pesadelos e alegrias; (13) reconhecer tardiamente a insubstituibilidade de quem faleceu; (14) entender que as sabedorias e aprendizagens que se teve com aquela pessoa, daquela maneira e com aquela abordagem, nunca mais acontecerão; (15) perceber-se mais solitário para enfrentar a vida; (16) ter medo de se aproximar de alguém novamente, se entregar como o fez, saborear o que saboreou e um dia poder perder mais uma vez, voltando ao sofrimento que um dia teve; (17) entender que aproveitou pouco o que a pessoa tinha realmente a oferecer, sendo agora tarde demais, por mais que possa apelar às memórias ou escritos ou fotos ou livros que a pessoa leu ou escreveu; (18) ter que resolver por si os problemas que a outra pessoa resolvia, sejam financeiros ou logísticos como ir ao banco ou mercado; (19) acreditar que ficará só pelo resto da vida; (20) encontro da própria mortalidade; (21) lembrar da pessoa definhando e se despedindo da vida todos dias (por semanas ou meses); (22) ter que cuidar dos filhos sozinho(a); (23) a perda de quem dava sentido para a vida; (24) a perda da pessoa cujos brilhantes olhos iluminavam o mais escuro dos dias e/ou (25) a perda de um grande amigo ou amiga.

Agora, una algumas dessas emoções, ou até todas juntas e bata num liquidificador por 5 minutos e tome de uma vez, buscando acompanhar os efeitos nas vísceras de quem perdeu para a morte um filho amado, uma bela esposa, uma grande amiga, uma boa mãe ou um excelente avô, eis o sabor do luto; independentemente se por causa de um vírus ou qualquer outra.

Elaborar um luto é pegar cada uma das dores presentes com zelo, observá-las, aceitá-las e aprender a lidar sabiamente com cada uma delas. Alguns dos sofrimentos um dia serão curados e outros não, apenas se tornando mais suportáveis com a distância do tempo e maturidade. Entretanto, uma ou mais dessas dores não cuidadas podem facilitar um câncer para a vida, físico e/ou emocional.

Alguns posturas para lidar bem com o luto: (a) viva bem o hoje, com responsabilidade e dedicação, pois o amanhã pode nunca chegar para você e/ou o outro; (b) aprenda a fazer por você o que o outro faz, mas se permita ser cuidado e acarinhado; (c) a dor da perda é um fato, mas muito mais importante do que ele é a vida que se teve com a pessoa, foque-se nisso (!); (d) infelizmente, sabedoria é algo que exige vida e boas reflexões, apenas conseguiremos saborear algumas pessoas mediante ela; (e) julgue-se de acordo com o que você sabia na época em que fez ou deixou de fazer algo; e (f) saudades é como um belo vinho tinto seco e encorpado, na medida certa, tomá-lo alimenta a alma.

Nunca esqueci daquele garoto. A vida dos seus pais nunca mais seria a mesma, e faço votos para que eles tenham aprendido a saborear a vida que tiveram com ele, muito mais do que as saudades do que poderiam ter vivido.

Lutar contra o fim é razoável até não assim o ser, independentemente se provocado pelo COVID-19 ou outras razões; apenas podemos tentar protelá-lo, mas ele sempre chegará. Importante é viver bem até lá consigo e com quem você achar saudável.

quinta-feira, 26 de março de 2020

A Cura da Pandemia Psicológica Despertada Pelo COVID-19 – Parte I

A Cura da Pandemia Psicológica Despertada Pelo COVID-19 – Parte I

Relutei em escrever este texto, pois bem sei da dor de tocar em alguns aspectos existenciais que, certamente, são origens de sofrimentos similares ou iguais da maioria dos indivíduos do planeta.

Permita-me algumas explicações no que se refere ao título: coloquei a palavra “cura” tanto na sua etimologia (“ato de cuidar”) quanto no sentido cotidiano (resolver as causas de uma doença); usando também a palavra “Pandemia” (“que afeta todos povos”); salientando que “doença” vem de “dor”; e “despertar” é o ato de acordar o que estava dormindo.

O COVID-19 despertou dois conjuntos de medos (ou fobias), e deixou apenas mais claro dois outros: (a) medo da própria morte (seja por qual razão for); (b) medo do fim de alguém (seja por amá-lo, depender dele, sentir alguma culpa na eventualidade dele morrer e outras possibilidades); (c) medo do sofrimento que pode preceder a morte e (d) preocupações econômicas, respectivamente. Neste texto, falarei apenas dos dois primeiros.

Com a finalidade de elucidar as próximas ideias, faz-se relevante lembrar uma regra para todos os desafios do viver: dedicação para atingir determinado objetivo (seja evitar uma doença, erradicá-la ou curá-la); e estar pronto, dentro do possível, para o fracasso. Postas as ideias acima, peço tolerância por abordar de maneira objetiva sofrimentos comuns afastados por muitos nos seus cotidianos.

As curas em questão seriam aprendizagens que levariam o indivíduo a lidar bem com a própria morte e a do outro. Estes remédios ou vacinas são procurados-criados desde o início da humanidade, tanto pensando para onde iremos após chegar o nosso fim, como refletindo acerca de como superar os sofrimentos de perder alguém para a morte, neste caso. Cada religião, da sua maneira, respondeu a estes sofrimentos, como filósofos, poetas, crianças e os diferentes artistas.

Não há a maneira correta de lidar com a morte, cada um precisa criar ou descobrir a sua; e tal qual como um remédio para dor de cabeça que funciona com algumas pessoas e não com outras, o mesmo vale para reflexões acerca da finitude.

Para lhe auxiliar a criar o seu remédio sobre a sua morte, algumas perguntas são válidas: qual ou quais os problemas de você morrer? Busque dar notas de 0-10 para cada uma destas dores. Sobre o remédio ou vacina para a morte de alguém, seja uma filha, um pai, uma avó, seu cônjuge ou amigo, tente fazer a mesma pergunta acerca de qual ou quais seriam as dores e respectivas notas. Listadas as dores, como você pode aprender a lidar bem com cada uma delas?

Criar ou descobrir as próprias respostas é uma tarefa de importância existencial para quem tomá-la em suas mãos, valendo pedir ajuda em caso de necessidade, seja para as religiões, pais, mães, avós, músicos, artistas, filósofos e/ou para profissionais que lidam com estes sofrimentos no seu dia a dia.

O meu avô me disse certa vez: “todos sofrimentos que você tiver, algum pensador já os teve e escreveu bem sobre como lidar com ele, busque-os e estude-os”; e ao estudá-los, uma frase de Sêneca, filósofo estóico, sempre ficou comigo: “faça o que de ti depende, de resto, seja apenas firme e tranquilo”; aprendendo a diferenciar o que de ti depende e em que nível.

Portanto, em que nível depende de mim evitar a minha morte e a de quem amo? E o que preciso aprender para lidar de maneira “firme e leve” (dentro do razoável) com o meu fim e o de quem amo?

Dr. Bayard Galvão 
Psicólogo Clínico 

segunda-feira, 16 de março de 2020

Protocolo psicológico para enfrentamento do Coronavírus



O protocolo psicológico consiste de 3 fases:
1.a – Entender os sintomas iniciais: febre, tosse, falta de ar, espirros e dificuldades respiratórias (segundo a Organização Mundial de Saúde - OMS).

1.b – Aprender a evitar a contração do vírus: lavar as mãos, evitar contato com pessoas que possuam os sintomas e comer carne e ovos bem cozidos (de acordo com OMS).

1.c – Ter clara a letalidade: 0.2% até 39 anos, 0.4% de 40-49 anos, 1.3% de 50 a 59 anos, 3.6% de 60 a 69 anos, 8% de 70-79, 14.8% para pessoas com mais de 80 anos de idade (segundo o que descreveu o site “sciencealert.com” com base no “Centro de Controle de Doenças Chinês”).

2 – As pessoas mais vulneráveis ao vírus são as mais idosas, assim como aquelas com outras fragilidades orgânicas, como problemas cardíacos ou respiratórios. Assim, principalmente com estas é preciso cuidado para não infectá-las, e uma vez apresentados os sintomas acima, em um nível pouco acima do normal, vale procurar ajuda médica, principalmente se tiver tido contato com alguém infectado ou com a aparência de assim o ser. Lembrando que é fácil alguém infectado abaixo de 70 anos não apresentar sintoma algum, mas que pode infectar alguém mais vulnerável, inclusive da própria família.

3 - Aprender a superar a fobia acerca dos improváveis efeitos do vírus, mas a absoluta certeza do viver: a própria morte e a de quem amamos. Eis a complexa causa e solução dos pensamentos catastróficos-fixos-obsessivos sobre a pandemia do coronavírus, que tem afetado a vida de bilhões de pessoas, seja em termos econômicos, de saúde psicológica e/ou de saúde orgânica.

Portanto, a probabilidade esmagadora é que eu, você e quem nós amamos morrerá por inúmeras outras causas que não a famosa gripe em questão, mas tão importante como aprender a evitar formas que possam levar ao nosso fim, é viver bem até lá consigo e com quem você ama.

Dr. Bayard Galvão
Psicólogo Clínico

sábado, 9 de novembro de 2019

Relacionamento Abusivo

O relacionamento abusivo pode ser considerado um tipo de parasitismo a médio e longo prazo. É normal no curto prazo (primeiras semanas ou meses) ser inebriante, dando a sensação de uma plenitude paradisíaca, geralmente, provocada por elogios e coisas que o "parasitado" sempre tenha querido ouvir de alguém e que nunca tenha conseguido dizer para si (por baixa "autovalorização"), como "Você é inteligente"; "Você é linda e os outros que nunca conseguiram perceber isso!"; "Você é a pessoa mais importante para mim" e variações.

Só tem um detalhe: por trás desses elogios está implícito: "Você é tudo isso na medida em que cuidar e se dedicar a mim, caso contrário, não o será ou será uma pessoa pior do que você pensava!". 

Pronto! Está feita a armadilha: "Você é maravilhoso(a)!!...................Na medida em que viver para me agradar!!".E, para continuar se sentindo desta maneira, será preciso abandonar as outras vontades, os outros relacionamentos sociais e prazeres que não se refiram ao ou à parasita - o que acaba provocando, a médio e longo prazo, a perda de outros prazeres, tristeza, solidão e inúmeros outros sofrimentos, facilmente culminando num quadro de depressão. 
Ao mesmo tempo, é importante salientar que seja possível que não esteja claro para ambos este mecanismo e respectivos efeitos.

A saída para o "parasitado", neste caso, é aprender a se valorizar independentemente do outro, valendo adicionar à percepção própria não apenas de como se tornou sedento(a) pelo apreço de outras pessoas, como também às frases e posturas do(a) parasita que geraram a plenitude inicial.

No que se refere ao/à parasita, não é incomum ser uma pessoa que precise ser o centro das atenções, com traços narcísicos ou não, excessivamente carente e outras possíveis causas.

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

"Autismo Aprendido"


Utilizo a expressão “autismo aprendido” por ser um conjunto de comportamentos e posturas aprendidas que tenho observado em um crescente número de crianças e jovens adultos com específicos gostos-valores-crenças que os levam a se interessar pouco em se relacionar com outras pessoas. Causas para isso sempre existiram, comumente provocadas por fontes de prazer que não exigiriam relações sociais desde uma idade muito precoce (menos de 1 ano de idade); podendo ser música, desenho, pintura ou esportes.

Há uma nova e enormemente maior causa para o “autismo aprendido”: o mundo da internet. Este “universo virtual” oferece drama, ação, jogos, filmes, incontáveis atraentes seriados e relações sociais virtuais de pouco prazer, baixo atrito e com pobre complexidade. O efeito é um prazer constante em que um contato social real não é necessário, nem sonhado e tido como pobre.

Assim, cria-se o ciclo de retroalimentação do “autismo aprendido”: ao viver no mundo virtual onde há muito prazer, pouca rejeição e incontáveis horas de distração; e ao ficar muito tempo ali, tendo poucas reais interações sociais, sendo limitadas por vezes a momentos de alimentação (seja em casa ou na escola), frequentar a escola ou reunião de familiares; pouco a pessoa aprende sobre lidar com críticas, frustrações, ter que ser minimamente agradável para poder ser feliz e reconhecer que é inferior a uma ou outra pessoa em termos de maturidade, inteligência ou diferentes conhecimentos. Isto tudo acontecendo, as interações sociais se tornam cada vez menos agradáveis ou até desagradáveis, restando o mundo virtual como a maior fonte de prazer e distração; para onde, assim que puder, voltará; retroalimentando o ciclo do “autismo aprendido”.

Experiências como amizade, namoro, sexo e divertir-se com outros ganha pouco valor no “autismo aprendido”, tanto pela imaturidade social como pelo fato de reconhecer no universo virtual uma opção melhor, mais divertida.

Não poderia ser dito que este “autismo aprendido” seria algum tipo de doença ou psicopatologia por não necessariamente gerar dor na pessoa que o aprendeu, sendo, na realidade, o oposto, pois o prazer seria até mais constante com menos desconfortos no dia a dia do que o viver presencial com outras pessoas. Entretanto, no momento em que este indivíduo chegar ao final da adolescência e início da vida adulta, entrando em contato com a necessidade de se relacionar frente a frente com outros na busca de um emprego ou até ir para uma faculdade, encontrar-se-á num ambiente no qual tem pobres recursos para lidar com a complexidade das relações humanas gradualmente aprendidas pela maioria das pessoas que não viveram “dentro” do universo virtual nos seus primeiros “20” anos de vida. 

Dentre os tantos caminhos possíveis de quem desenvolveu este “autismo aprendido”, há 3 comuns: (1) buscar uma profissão que mantenha o viver neste universo virtual, como trabalhar essencialmente com computadores, mantendo o "autismo aprendido", geralmente, em menor grau; (2) sofrimentos constantes com sensações de desespero e inadequação no processo de se relacionar socialmente e, gradualmente, aprendendo a saborear o contato com outras pessoas, criando a possibilidade de relacionamentos profundos e existencialmente significativos, superando o "autismo aprendido"; e (3) oscilar entre isolamentos sociais intercalados por exigências vitais de estar com alguém para poder se sustentar financeiramente e-ou cumprir minimamente com expectativas sociais, seja ir a um natal, “happy hour” ou variações; sofrendo, geralmente, pela inabilidade de se movimentar nestes contextos.

Na eventualidade de um pai, mãe ou educador estar preocupado com o filho ou filha em desenvolver um “autismo aprendido”, proponho um limite de horas diárias de diversão ou uso do universo virtual, não excedendo “6” horas, sobrando 10 horas para se relacionar com outras pessoas, fazer esportes ou outras atividades, não circunscrevendo a própria vida à “realidade virtual”.

domingo, 22 de setembro de 2019

"13 Reasons Why" + "Baleia Azul" = ???

O que tem de comum entre um seriado em que uma adolescente passa por dores comuns que facilitam o suicídio, sem saber lidar com qualquer uma delas; e uma série de 50 tarefas em que a última é tirar a própria vida, amplamente divulgado nas diferentes mídias, com um tom desafiador do tipo "você é realmente corajoso-capaz?"? Um se baseia nas causas comuns de suicídio de adolescentes; o outro, no como se matar.

O seriado tem alguns benefícios e um péssimo malefício: num ponto, chama atenção para o tema de sofrimentos comuns de adolescentes e o quanto é preciso aprender a observar alguns sinais de que o jovem está passando por um momento ruim-suicida; noutro, é colocado uma garota que passa por dores e não sabendo lidar com elas, mesmo pedindo ajuda precariamente, não vê alternativa alguma, senão finalizar a própria vida. Com exceção de "jovens pop", as situações pelas quais a protagonista passa, em uma ou mais delas, a maioria dos jovens passam, passaram ou passarão; importante é aprender a lidar bem com cada uma delas.

"Baleia azul" (em alusão à baleia azul que "se mata" encalhando na areia) é uma sequência de 50 tarefas em 50 dias, ao final da qual, comete-se suicídio. Elas transitam entre privação de sono (acordando todos os dias às 04:20); dessensibilização sistemática em relação ao suicídio, ou seja, acostumar-se com atos suicidas, através de cortes com navalha no próprio corpo e subida em prédios altos e guindastes; conversa-motivação de outras pessoas que estão passando pela sequência e administradores; ameaças em relação a familiares, caso tente parar as tarefas, pois os moderadores-orientadores têm acesso a informações particulares de quem se dispôs a começar o "jogo"; ouvir músicas psicodélicas e assistir a filmes específicos de terror. É um treino para se matar, com um apelo desafiador, que para o jovem perdido, cheira a "um sentido para a vida".

Não vejo benefício algum em falar sobre como aprender a se matar; mas considero fundamental pais e escolas ficarem atentos a situações de potencial intenso sofrimento de adolescentes e eventuais sintomas de que podem estar pensando sobre a ideia.

A vida traz momentos intensos de dor, ficando sempre a pergunta: o  que estou precisando aprender sobre a vida para superar esta dificuldade? Se você não souber a resposta para esta pergunta, procure ajuda, seja em músicas, pessoas com saúde mental, familiares, amigos, filósofos e/ou profissionais da área de saúde mental.

terça-feira, 27 de agosto de 2019

Adolescência Suicida?

Suicídio é o último ato na vida de alguém, é um ato de desespero, ou seja, sem esperança de dias melhores, mas sim de similares ou piores. Uns chamam de coragem e outros de covardia. Há quem afirme que a quantidade de suicídios em adolescentes está crescendo, ou apenas a descoberta e divulgação que aumentou? Independentemente, vale a pergunta: será que a sociedade brasileira tem contribuído para jovens terem esta atitude? E teria como diminuir a probabilidade dela ocorrer?

Estamos assistindo a uma época de aumento de competição no mercado profissional; à diminuição de empregos (não acredito que estejam aparecendo novos empregos na mesma velocidade que estejam desaparecendo, basta estudar por alguns momentos a plataforma de inteligência artificial “Watson” da IBM e os impactos nos profissionais que estão “perto” dela); os relacionamentos estão mais complexos e menos duradouros; ser “bom homem” e “boa mulher” ou “bom pai” e “boa mãe” de hoje em comparação há 50 anos, é senão muito difícil, impossível; os familiares estão morando mais longe, diminuindo a sensação de proteção, pois as pessoas precisam buscar trabalho onde tenha, o que infelizmente (ou não) pode ser longe dos pais, avós e outros familiares; e estamos apenas presenciando o início do impacto da vida virtual em crianças e adolescentes, em que muitos acabam preferindo a relação distante e superficial através das telas de computador a contatos reais, gerando um “autismo ensinado”.

Para completar o quadro, estamos vivenciando um aumento de expectativa com relação ao conceito de sucesso, mas sem dar os instrumentos para isso. É pouco ser um bom aluno na escola, é preciso ser “fitness” e “ecológico”, além de ser líder e aprender uma terceira língua.

Em que medida a educação está sendo conduzida para as crianças se tornarem adolescentes que lidarão bem com estas mudanças? Será que os adolescentes estão aprendendo a enfrentar um futuro tão exigente e instável quanto o que é e será?

Os pais atuais são incentivados a serem excessivamente protecionistas (protegendo a prole do que ela conseguiria aprender a se proteger), não exigirem das crianças (se for mal na escola, “passa” de ano mesmo assim), punirem pouco ou nada (punição é mal vista, importante é motivar pelo prazer-felicidade as crianças e adolescentes a “estudarem”), elogiarem muito (dando a impressão que seriam especiais fazendo pouco, quando assim o é apenas dentro de casa) e buscarem ser amados pelos respectivos (para os filhos valorizarem os “nãos” dos pais, limites e punições, é preciso uma maturidade que não tende a ocorrer antes dos “30”), e sempre com amizade e com pouca autoridade.

Os efeitos nas crianças e jovens são visíveis: baixa capacidade de frustração, ficando muito irritados, impacientes e até depressivos ao se depararem com a realidade fora de casa; não saber ouvir “não”; pouco ou nada respeitam autoridades; se acham superiores a outros; pouco se preocupam com outros; não confiam nas próprias capacidades até por nunca ou pouco tê-las colocadas à prova; dificuldades em se concentrar nas atividades que não gostam; preguiça em se esforçar com rigor e um “autismo aprendido”, dificultando relacionamentos. Isso tudo funciona num determinado nível até uns 12 ou 13 anos de idade, mas e depois, quando a vida exige mais?

O desdobramento da formação destas ideias na cabeça dos jovens culmina numa sensação de que a vida é muito pesada e que pouco ou nada pode ser feito, podendo provocar tristeza, ansiedade e até pensamentos suicidas. Facilitando inúmeros quadros clínicos psíquicos de sofrimentos.

É preciso rever o que é uma boa educação, e certamente consiste na formação de algumas capacidades indiscutíveis: aprender a se esforçar; lidar com rejeição; dedicar-se ao que não dá prazer, mas que é necessário; entender que será especial para poucas pessoas na vida; respeitar as pessoas, independentemente de quem sejam, embora sem esquecer de valorizar a si; ao mesmo tempo compreendendo que muita gente diz bobagem, seja na escola, tv, internet, seriado ou música e que dependerá dela & educadores refletirem e questionarem sobre estas bobagens.

Afetividade, elogios e brincadeiras são essenciais; assim como críticas, exigências e saudáveis punições.

sexta-feira, 26 de julho de 2019

AutoAjuda Vs PseudoAutoAjuda

Tive a sorte de ter um avô (que era psiquiatra) que estudou autoajuda desde a sua adolescência, sendo alguns de seus autores favoritos do assunto Sêneca, Montaigne, Diderot e Russel. Uma das reflexões que mais me impactou foi a do estóico afirmando: “faça o que de ti depende, de resto, seja apenas firme e tranquilo”.

Uma frase que muito me ajudou na minha história foi dita pelo meu avô quando fui morar por 1 ano longe da minha família e amigos: "tudo que você passar na vida, algum filósofo já passou, refletiu bastante sobre o tema e escreveu sobre ele".

Autoajuda é buscar se tornar médico do próprio espírito pelo estudo, é se tornar superior ao que se é; seja aprendendo a lidar com a própria morte e de quem amamos; a como ter sucesso profissional; se melhorar para ter um bom relacionamento amoroso; construir-se para ser um amigo melhor de si e outros; lidar bem com as traições, menosprezos e rejeições inerentes ao viver; buscar a felicidade onde ela, de fato, existe e/ou viver bem.

O problema é que muito da autoajuda moderna é um enorme punhado de mentiras e autoenganações, similares a “contos de fadas para adultos”; eis algumas: "aprenda inglês fluente em uma semana"(pois é, tente!); "leia um livro em 30 minutos” (será que existe uma diferença entre ler e entender o que foi lido? Com facilidade, eu leria um livro do Stephen Hawking sobre o universo em 1 ou 2 dias, mas para entender demoraria semanas, meses ou anos); "aprenda rapidamente e profundamente  'X' ” (seria possível um indivíduo ser um médico de mérito com 1 ano de estudo?); "todos são capazes de ser o que quiserem na vida!" (quantos querem ser Pelé e quantos conseguem?); "todos são superdotados em alguma coisa!" (todos somos “Beethovens” em alguma área da vida, embora não saibamos ainda?); e tudo isso com "pouco esforço e rapidamente".

A autoajuda real é aquela que inspira as pessoas a verem o mundo como é & aprender a lidar bem com ele. Dentro deste conceito, precisamos aprender a aceitar que talvez não sejamos excelentes em coisa alguma, embora muito bons em 1 ou 2, bons em 3 ou 4, e medíocres ou sofríveis no resto.

Se é preciso frequentar uma faculdade para aprender a ser bom em direito, administração ou engenharia, por que seria diferente no viver? Aprender a viver bem pode ser estudado em livros realistas e razoáveis que, por vezes, dirão: “você quer ser um excelente músico e pagar as suas contas com isto, mas pouco se dedica ou tem o talento genético para a coisa, portanto, 2 opções: ou você começa a se esforçar muito mais, ou desiste de viver financeiramente disso e busque algo que lhe sustente economicamente minimamente, e que você tenha talento suficiente para isso”.

Não busque os seus sonhos, mas questione-os, veja o quão realizáveis são, quantos anos de vida lhe exigirão, e qual ou quais benefícios tenderão a trazer, de fato. Caso você perceba que não os atingirá ou não valem tanto da sua vida, é preciso aprender a abrir mão deles e tentar se dedicar àquilo que você é realmente capaz de conseguir e que lhe faça bem. E disse Sêneca: “faça o que de ti depende, de resto, seja apenas firme e tranquilo”.

Afinal, sabedoria é entender a realidade como é e lidar bem com ela, dentro do razoável; e não nascemos com ela e nem vem fácil, contrário ao que escritores de "contos de fadas para adultos" dizem.

* Dr. Bayard Galvão

sábado, 22 de junho de 2019

Por que alguém faz “Bullying”?


“Bully” é quem agride de maneira constante, geralmente, quem seria inferior no aspecto agredido, seja emocional, físico ou intelectual.

Muito é dito sobre os efeitos de sofrer agressões frequentemente do “bully” nas escolas (também chamado de “bullying”), flutuando entre vários dos quadros psicológicos de sofrimento, desde diminuição de autoestima, fobia social, ansiedade, depressão e até suicídio.

O foco do presente texto não é direcionado para os efeitos, mas sim às suas causas e possíveis maneiras de diminuir (não acredito que deixará de existir) a sua ocorrência. Perguntar quais as causas do “bullying” equivale à pergunta: por que as pessoas agridem?

Vamos ampliar a pergunta antes de respondê-la: por que cerca de 50% das maiores bilheterias de cinema no planeta são de filmes de violência? Entre “MMA” e boxe, as pessoas têm preferido assistir qual e por quê? Por que as pessoas costumam passar perto de acidentes de carro e moto com um misto de “não gostaria de querer olhar, mas agora que estou vendo, tem sangue ou alguém morreu?" Por que o Coliseu existiu? Já achou a resposta? Agora, o que costuma fazer as pessoas rirem numa piada de português, negro, gaúcho, gordo, judeu, gay ou outros?
A resposta é relativamente simples, mas também intrigante: o ser humano tem prazer ou alívio em agredir e ver violência, na maioria esmagadora das vezes, por razões genéticas; não importando a sua forma, seja física, verbal ou emocional.

O que leva alguém a ser “bully”? Além da causa do prazer genético em agredir, há também a sensação de superioridade ao outro; ser líder (o medo gerado pela pessoa que exerce a agressão inspira admiração e medo, facilitando o “cargo”); fazer parte de um grupo (quem ataca em grupo, tende a não ser atacado); esquiva-se, inclusive, da solidão; sentir-se importante ou valorizado; evitar ser a vítima da agressão (“a melhor defesa é o ataque”); reproduzir as vivências em casa (na relação com irmãos ou pais); não ter recebido punição em casa ou fora dela por exercer agressões injustas (agredir para se defender é lícito); compreender que agredir também é uma maneira de gerar alívio, não é por acaso que pessoas com raiva (um tipo de dor), sentem-se melhores após gritarem, socar algo ou xingar; quando motivado por questões étnicas e variações, seria intolerância ao diferente, comumente considerado inferior; e/ou não se colocar no lugar da vítima.

Com base nessas causas, algumas possibilidades de diminuir o “bullying”: aulas que “imoralizem” violências injustas (muitas discussões possíveis neste ponto); punições para os agressores (advertência ou suspensão da escola); ensinar crianças e adolescentes a se colocarem no lugar da vítima; exercer a violência virtualmente, seja em “games” ou assistindo filmes com violências justas; ter alguma atividade física de intenções violentas, com pouca ou nenhuma violência, como algumas artes marciais; mostrar para as crianças que para serem boas ou especiais, não precisam diminuir o outro; entender este prazer e alívio genético e saber que é preciso aprender a lidar com ele de maneira saudável; oferecer atendimento psicológico para eventuais problemas familiares que o “bully” possa estar tendo e ensinar todos a se defenderem dos diferentes tipos de agressão, pois dificilmente, tenderá a haver agressão contra quem é mais forte do que o agressor.

O prazer ou alívio na violência nas suas múltiplas formas precisa ser entendido, e apenas assim, cria-se a possibilidade de lidar com estes efeitos genéticos de maneira saudável e razoável.

sábado, 1 de junho de 2019

Depressão


Depressão é o nome dado a um conjunto de pensamentos, comportamentos e humor que ocorreriam há meses, em maior ou menor nível e variedade.

Alguns sintomas da depressão em relação ao pensamento, seriam: “Nada vai dar certo”; “Sou uma porcaria, não sirvo para nada”; “De que adianta se esforçar tanto para tão pouco”; “Não aguento mais tanta pressão” e podendo chegar a níveis mais intensos como “Quero morrer” e "Não quero viver mais".

Já em relação ao comportamento, podemos citar a diminuição de concentração; sono comprometido; isolamento social; subtração de atividades físicas e aumento ou diminuição intenso de apetite; uso de drogas e/ou álcool.

E por último, sintomas relacionados ao humor, como a irritabilidade, desânimo, dificuldade de sentir prazer, tristeza, melancolia, explosões de raiva e/ou choros constantes.

É importante salientar que ter de um a três desses sintomas não caracteriza depressão, pois todos terão. O problema é quando ocorrem vários, por muito tempo e/ou com grande intensidade.

Os fatores mais comuns que levam à depressão são os acúmulos dos problemas não resolvidos ao longo da vida, sejam pequenos, médios ou grandes. O normal é o acúmulo de pequenos e médios, como um relacionamento íntimo insípido e incolor; um trabalho apenas tolerável; baixa sensação de satisfação existencial; poucos prazeres; muitas responsabilidades; baixa atividade social; muitas preocupações, além de pressões e eventuais problemas de saúde.

Traumas como sequestro, estupro ou a morte de um filho podem provocar a depressão, mas os acima descritos são mais frequentes.

A vida, quando piora da noite para o dia, cria um contraste gritante e faz com que as pessoas percebam de imediato o que piorou, buscando soluções imediatamente. Contudo, na depressão, a vida comumente vai piorando aos poucos, de maneira pouco perceptível; responsabilidades vão se somando, o tempo de diversão vai diminuindo, mágoas vão acumulando, o relacionamento vai piorando, o cansaço vai crescendo, o medo da solidão aumenta, os vínculos sociais vão se enfraquecendo, a autoestima vai diminuindo e isso ao longo dos anos. Resultado: pela piora gradual e pouco clara da vida, chega um dia em que nada mais tem sentido e tudo parece sem gosto; o que acaba sendo verdade para essa situação, pelo menos neste momento.

Mas curar a depressão é possível, para tanto, eis algumas ideias: (1) observar os pequenos e médios problemas do dia a dia, buscando soluções para eles; (2) apegar-se e se dedicar-se às coisas ou pessoas mediante suas importâncias na sua vida; (3) ser bobo quando possível, sério quando necessário e disciplinado sempre que exigido por si ou pela vida; (4) ter prazeres, anestesias e distrações supérfluos, não importa se novelas, futebol ou videogame, mas não se perder neles e fazer mensalmente um balanço dos prazeres, dores e modo através do qual você tem conduzido a sua vida, perguntando-se: “Estou vivendo  bem, dentro do possível?”

Sábio é quem entende a vida como é e lida bem com ela, na medida do razoável. Sabedoria não é falar bonito, de filósofos ou declamar frases de efeito, é ter uma visão lúcida do viver, saboreando o dia a dia em paz, com belos sabores e coluna reta, apesar dos momentos em que fica curva.

A sabedoria é tão mais necessária quanto mais difícil for a vida de alguém. Quem vive numa “lagoa azul”, precisa ter pouca para ser feliz, mas para quem atravessa adversidades, ela se faz tão necessária como o alimento de todos os dias.

domingo, 12 de maio de 2019

Dia das Mães

Quantas vezes uma mãe precisa dizer "não" para o filho ou filha por dia? E seria possível contar as exigências que ela faz, diariamente, para que se dediquem aos estudos, sejam higiênicos, aprendam a usar talheres, aprendam a respeitar os outros, se tornem honestos e, com o tempo, pessoas de mérito?

Quando um filho ou filha diz "Te Amo!" e quando fala gritando "Te Odeio!"? Simples: ao agradá-lo ou desagradá-lo, respectivamente. Tal qual como seria num adulto, com a diferença de que a criança, contrário a algumas teorias românticas atuais que dizem que a criança só se tornará boa apenas por decisões próprias, precisam ser formadas, preferencialmente e em geral, com os valores dos pais.

Não foram poucas as vezes que vi uma mãe chorando desesperadamente porque ouviu do filho "te odeio!"ao ter tirado o "vídeo game" porque precisava estudar para uma prova; ou porque tirou da filha o "whatsapp" por ter destratado os avós.

Educar é formar o espírito-caráter do filho ou filha, e faz parte dar limites, impor respeito e exigir - o que é impossível sem desagradar. Quanto tempo demora para o filho ou filha perceber e valorizar os esforços da mãe?

A melhor forma de se aproximar deles e ser amada é achar e desfrutar de prazeres comuns, além de ser afetuosa com abraços, gestos, cuidados e palavras. Por outro lado, como é frequentemente necessário, faz-se imperativo desagradar hoje para evitar sofrimentos desnecessários no futuro, e presente.

Ser Mãe é uma tarefa exigente, uma das mais complexas que qualquer mulher pode decidir ter na sua vida. Com uma junção de sorte e boa educação, o filho ou filha perceberá quanto suor e vida foi dedicado a ele ou ela, e aprenderá a valorizar mais a grande educadora que teve.

Uma mãe pode apenas ser julgada de maneira adequada pelos seus filhos depois dos "20" anos de idade deles, quiçá, nunca. Pois, para julgar a maternidade de quem lhe orientou no mundo desde bebê-criança, é preciso um mínimo de maturidade.

Ser uma boa mãe, não é, necessariamente, representado pelo amor do filho ou filha por ela. Entretanto, ver o filhos ou filhas sendo felizes nas suas vidas já seria uma recompensa para quem ama. E por que não, ser amada também, apenas por uma questão de justiça?

Então, para voce que é Mãe: Feliz Dia das Mães!!!

domingo, 31 de março de 2019

Educando Pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline

É preocupante a quantidade de pessoas desenvolvendo este tipo de transtorno.  Ainda preocupa mais quando escolas e profissionais da área de saúde mental têm recomendado aos pais certas atitudes a serem tomadas com os filhos e que contribuem com a formação desta difícil personalidade. Eu poderia aprofundar no quesito de ser efeito de parte de uma ideologia política e psicológica que começou a ser instalada nas escolas na década de 70, aprofundando na de 80 e piorando mais ainda posteriormente, mas não é o momento.

Escrever de maneira sintética sobre o viver é sempre complexo e demanda um certo esforço. Por isso, um texto mais longo foi necessário, apesar de ter tentado sintetizar uma série de ideias.

Pois bem!

Transtorno de personalidade é o nome dado a uma pessoa que tenha um conjunto de determinadas características psicológicas que dificultem a sua vida de maneira indireta, ou seja, maneiras de lidar com o mundo que não sejam necessariamente ruins num primeiro momento, mas sim num segundo; ou de maneira direta, como cortar o próprio corpo. Já um exemplo da forma indireta poderia ser um homem que nunca aceita ter errado, estando sempre com a razão. Isto não gera problemas diretos para ele, pois esta forma de ser eleva a autoestima e sensação de superioridade. Contudo, conviver com uma pessoa que tenha esta característica é difícil, facilitando o afastamento gradual dos amigos ou familiares.

O Transtorno de Personalidade Borderline é caracterizado pelos seguintes traços:

- Vitimização
Tudo que acontece de ruim na vida da pessoa é culpa de todos, menos da própria. Isso é uma péssima postura para a vida, pois apenas mudamos facilitando relacionamentos, superando dificuldades profissionais e nos tornando mais leves e pacíficos conosco quando nos perguntamos: onde Eu tenho falhado ou faltado? E não dizendo: como e quando os Outros estão falhando e faltando comigo?

- Oscilação brusca de humor
Para ilustrar o conceito, temos um indivíduo calmo ou alegre, mas "do nada", com uma leve frustração ou possibilidade de rejeição, passa a agredir ou se entristecer e, da mesma maneira que oscilou por comportamentos ou emoções ruins, volta para o normal.

- Distorção da realidade
Duas características de base neste sentido: distorção da percepção do que realmente aconteceu; e inverter o sujeito ou ordem de sequência do ocorrido. Exemplo: a mulher ouve que está fazendo um bom trabalho, mas ela entende isso como absoluta ironia, passando, portanto, a impressão de agressão, reagindo de acordo (o que pode estar certo, mas no caso desta pessoa, muitas vezes errado); um homem com o transtorno xinga o seu amigo, mas quando vai explicar o que aconteceu a terceiros, diz que o outro que o xingou.

- Alto nível de agressividade
A agressão verbal ou física é geneticamente prazerosa e gera alívio (basta lembrar do "Coliseu" ou filmes de grande bilheteria, que são quase sempre de "ação"). Isso posto, quando uma pessoa está ansiosa, triste ou com raiva, fica fácil agredir; e no caso da pessoa com este transtorno, é fácil assim o fazer.

Valendo comentar que há vitimizações altamente agressivas, como uma mãe com o transtorno dizendo entre lágrimas para uma filha de 19 anos: "você pode sair com as suas amigas como sempre fez, sem problemas. Vou ficar aqui sozinha, mas pode ir... Vou tentar achar alguém que me valorize."

- Baixo nível de resistência a frustrações ou potenciais rejeições
Se uma pessoa sem este transtorno for frustrada ou rejeitada, será normal ela ficar incomodada, mas quem tiver esta maneira de ser, tenderá a reagir de maneira intensa, seja com tristeza e/ou agressividade.

- Compulsão
Toda compulsão tem como base a busca desenfreada do prazer ou do alívio das dores da vida, seja comer, beber álcool, tomar calmantes, sexo, drogas em geral e até rezar.

- Autoflagelo
A agressividade pode se virar para si, seja cortar-se ou até cometer suicídio, por 5 razões básicas: diminuir uma dor emocional (provocando a dor física), querer receber atenção (por se sentir menosprezado ou desprezado), mostrar que está falando sério sobre os próprios sofrimentos, desafio-demonstração de capacidade de enfrentamento da dor ou apenas querer se machucar por achar que merece. Todos podendo ocorrer ao mesmo tempo ou não, facilitando inclusive, um vício pelo ato.

- “Ditadura da Culpa” como efeito comum
Porque a pessoa com este transtorno não se responsabiliza por si, mas sim às outras pelo seu próprio bem-estar. É normal que quando esteja bem, agradeça a si ou ao outro, contudo, sempre que estiver mal, dirá que a culpa é do outro, podendo até responsabilizar a si por alguns momentos, mas depois volta a responsabilizar aos outros.

Este processo pode gerar uma “Ditadura da Culpa” a quem costuma ser o cuidador da pessoa ao dizer: “se estou bem, você é responsável por isso”. Por outro lado, outra mensagem está subentendida nessa fala: “Assim, se eu estiver mal, você também é responsável, pois é você que tem que resolver meus problemas por mim”.  Podemos ainda derivar para um outro ponto, como: “estou mal e pensando em não viver mais por causa de dinheiro.’, mas o sentido subliminar ser: “sendo você responsável por mim, você poderia me auxiliar com o seu dinheiro”.
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Postas estas características, como será que alguém assim vai se relacionar com colegas de trabalho, em relacionamentos afetivos com familiares ou com quem ama e lidar com as frustrações ou rejeições na vida?

Será uma vida complicada, que facilmente piorará com a idade, pois tende a haver um acúmulo de mágoas ao longo do tempo, pelos erros que os outros (!) cometeram com ela, assim como demissões e afastamentos injustos das pessoas, tanto por não a aceitarem como é, como também não saberem lidar com a razoável (?) e bela espontaneidade (?) dela.

Assim, o prognóstico (expectativa futura do quadro apresentado) de alguém com este transtorno pode também gerar outros problemas, seja depressão e/ou algum quadro de ansiedade, facilitando, inclusive, o suicídio.

Remédios têm pouco efeito, embora sejam necessários, além de terapia “voltada para a solução de problemas” - o que pode parecer simples e óbvio, se não fossem algumas linhas da psicologia que não apenas dizem que as pessoas são imutáveis em suas maneiras de ser, como também são da forma que são como resultado da sua formação pessoal, contribuindo com a característica já exacerbada de "vitimização" e de que ela é resultado dos erros dos outros, não das próprias ações. Nesse sentido, é preciso cautela ao procurar profissionais e linhas de abordagem dos psicólogos.

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E de que maneira as propostas da educação atual estão facilitando e incentivando estas características nos filhos?

Excessiva proteção dos pais em relação aos filhos leva os mesmos a não aprenderem a se proteger na vida e/ou se dedicar de maneira intensa; seja a uma nota ruim ou ao fato de ter sido empurrado na escola por um colega. O ideal é a criança aprender a se defender daquilo que ela tem condições, como de outro colega um pouco mais agressivo ou de estudar mais para uma prova difícil. Ao invés disso, muitos pais passam a discutir com a escola ou tiram o filho da mesma porque “não estão usando um bom método para o crescimento do filho”.
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Muitos elogios e pouca ou nenhuma crítica. Uma criança que cresce achando que erra pouco ou nada, mas que é maravilhosa, bonita, inteligente, adorável e variações, terá dificuldade em se relacionar com as pessoas quando perceber que apenas os pais ou avós pensam assim, não os colegas, professores e futuros namorados ou namoradas, assim como eventuais chefes.
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Responsabilizar a escola pela educação do filho. É complicado dizer para uma escola: “você precisa educar o meu filho, mas não quero que ele seja punido por coisa alguma, não rode em matéria alguma, esteja sempre feliz com os colegas e sem exigir muito dele, além de ser necessário vocês entenderem que o meu filho é inteligente. Portanto, se ele não estiver aprendendo alguma coisa, é porque vocês estão errando em algo”.
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Querer ser muito amado pelo filho. Para ser amado pelo filho, basta dar tudo que ele quiser, nunca dizendo um “não” e sempre estar brincando, na companhia dele ou o ajudando em todas as dificuldades. Ora, fazer isso desprepara o filho ou filha para a vida como ela é.
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Ajudar o filho a estudar. Este é um aspecto complicado e apenas recomendável depois do filho ter tentado estudar sozinho, de maneira focada a matéria, Caso o pai ou mãe estiver sempre ajudando o filho a estudar, ele não aprenderá a se esforçar, de fato, para aprender ou se superar, o que é péssimo para o seu futuro. É melhor pecar pelo excesso de exigência do que pela falta.
Ainda, na medida em que os pais ajudam os filhos em tudo, eles não aprendem a confiar nas próprias capacidades, não desenvolvendo segurança neles mesmos, e sempre exigindo ajuda dos outros para lidar com os próprios problemas. E caso dê algo errado, o problema foi que não o ajudaram ou o ajudaram de forma errada, mas não que ele não se dedicou.
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Muitos “sins” e poucos “nãos”. A vida apresenta incontáveis “nãos”, mas a educação proposta é para dizer poucos deles, não preparando o indivíduo para a vida como ela é, mas sim para a fantasia de uma utopia de um viver de poucas frustrações, poucos esforços e muitas vitórias: uma contradição de base.
Uma variação deste mesmo tom foi não dizer “não”, mas sim “orientar”. Em outras palavras, era proposto aos educadores que fosse dito “você precisa estudar mais” e nunca “você está estudando pouco e se assim continuar, não passará ou repetirá de ano”. Nestes termos, novamente, a criança (futuro adulto) não aprende a lidar com as exigências normais da vida, e nem tampouco com críticas essenciais para o crescimento e mudança. O ideal seria ter os 2 comportamentos.
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Pouca punição e muita recompensa. A base de qualquer educação é simples: ao falhar ou faltar, punir na proporção do razoável; ao acertar e/ou se dedicar, recompensar numa proporção racional. A educação tem sido “dar tudo” que puder ser dado, sem condição alguma (como ir bem na escola), de maneira desmensurada e negando nada. O efeito é claro: a criança não saberá lidar com perdas, com exigências, críticas e frustrações, ou seja, não aprenderá a viver a vida como é.
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Não repetir na escola. Como uma criança pode passar de ano sem saber o minimamente suficiente para dizer que ela mereceu evoluir? É o mesmo que dar aumento a um funcionário que não tem entregue aquilo que é da sua função. Será que acontece isto na vida?

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Enfim, quer que o seu filho ou filha sofra menos no futuro?  Ensine-o ou ensine-a a lidar com a vida como ela é, não como ideologias românticas gostariam que ela fosse.

Dr. Bayard Galvão

domingo, 30 de dezembro de 2018

Uma Oração Para o Ano Novo

Um Ano Novo vem com uma proposta de mudança de algo sempre para o melhor, seja no campo afetivo, financeiro, social, estético ou da saúde. Algumas pessoas poderão dizer com satisfação para si que num ou noutro campo nada precisa mudar, pois está pleno como tal. Infelizmente, alguns precisam de muitas mudanças para viver bem. Independentemente da sua situação, aí vai uma oração que como todas as orações precisa ser feita com concentração, se quiser, gravando-a com a sua voz no “celular” e depois ouvindo-a num lugar silencioso de olhos fechados após respirar 5 vezes profundamente:

“Para o ano que vem, aceitarei melhor que preciso me esforçar mais para algumas coisas e menos para outras, mas terão outras ainda que estarão completamente fora do meu controle ou capacidades. Para estas, a opção é aceitar da maneira mais rápida possível que determinado objetivo não é atingível por mim ou apenas não depende de mim.

Para o ano que vem, tentarei observar melhor as pessoas, aprendendo a esperar delas o que, de fato, elas podem ser e fazer. Então, decidirei sobre me aproximar ou me afastar delas.

Para o ano que vem, para cada situação mais sensível, tentarei me colocar no lugar de cada um que esteja envolvido, dentro do possível. Assim, poderei entender melhor o que está acontecendo, permitindo-me uma decisão mais sábia.

Para o ano que vem, buscarei ter mais claro que todos os objetivos que eu propuser para a minha vida contém um custo, esforço, dedicação e atenção. Sabendo disso, pesarei sobre o fato dos benefícios serem maiores ou menores do que os custos, decidindo melhor sobre metas ou sonhos e se valem ou não ser atingidos.

Para o ano que vem, tentarei lembrar que temos pouco controle sobre o futuro e que este pouco controle depende do que eu fizer no presente. Assim, tentarei lembrar dia a dia que tão ou mais importante do que olhar para o futuro é viver bem o presente, dentro do possível e dependendo cada vez menos de esperas para desfrutar da vida.

Para o ano que vem, vou lembrar que revistas de beleza vendem belezas que não existem; que revistas que propõem autoajuda tentam vender uma vida que não existe ao dizer que somos capazes de tudo. Vou tentar aprender a saborear o bom café que tomo pela manhã, boas músicas que ouço ao longo do dia, amigos que tenho e que muitas vezes esqueço de conviver com eles, trabalhar para viver e não viver para trabalhar, e reconhecer melhor os amores que tenho e tive, dentro e fora da família.

Então, vivo e vou saborear o que me for cabível, aprendendo a viver melhor os presentes do presente, dia a dia, ano a ano!

Amém!”

Oração Para o Final do Ano

Os religiosos, cada um segundo  as suas próprias crenças, repetem orações, algumas todos os dias e outras uma ou outra vez no ano. Aqui vai uma para a finalização do ano, de comemoração da vida sobre o que foi, não sobre o que pode vir a ser. Como todas as orações, precisa ser feita com concentração, se quiser, gravando-a com a sua voz no “celular” e depois ouvindo-a num lugar silencioso de olhos fechados após respirar 5 vezes profundamente:

“Vivi o que pude este ano, cometi erros, acertei, lutei, caí e levantei ou estou levantando. Tenho pessoas a agradecer, algumas do presente, e outras que se foram, continuando na minha memória e que sempre farão parte de mim.

Sempre tenho o que melhorar, mas é sempre justo também valorizar o que fiz e faço. Errei comigo e com outros, no trabalho e na minha dedicação em uma ou outra área da minha vida, mas tenho aprendido com isso, seja para não cometer mais os mesmos erros ou apenas cometê-los menos.

Os meus méritos existem também, tenham ocorrido numa postura com um amigo, um esforço a mais no estudo ou trabalho, um cuidado a mais com a própria saúde ou até brincadeiras bobas apenas comigo ou com alguém.

Tenho a agradecer quem cuidou de mim quando bebê, quando criança, adolescente e/ou ainda hoje. Posso agradecer a mim por ter lutado quando queria desistir, aos meus amigos, alguns que foram de uma época da vida, outros que ainda estão presentes comigo, tantas risadas, confidências, diversões e lágrimas.

Posso comemorar a minha caminhada até aqui, sei que tenho o que melhorar, mas como qualquer viagem de caminhante, é feita passo a passo, num passo reconheço que preciso melhorar, no outro, reconheço o que tenho feito e faço de bom; novamente, em seguida, reconheço o quê e como melhorar, seja com amigos, familiares, na própria profissão ou estudos, no cuidado com a saúde e estética, buscando sempre o razoável, nunca a perfeição, nunca o desumano; no seguinte, observo e valorizo os meus próprios atos e posturas, seja para com a minha vida ou para com a dos outros; para com as minhas responsabilidades nos estudos ou trabalho ou até os momentos simples da vida.

Posso ter até caído nas diferentes trilhas e dificuldades neste ano ou outros, posso estar cansado de me levantar ou até já esteja me levantando, mas o meu último ano, os meus últimos anos são muito mais do que os tropeços e desabamentos. É uma história com risadas, lágrimas, medos, alegrias, amores, desamores, família, amigos, confissões, tristezas e paz, ou seja, plena, talvez não do jeito específico que eu desejei, mas o que foi o possível.

Tenho o hoje e o que me foi, e embora possam ter épocas que pareça que eu tenha pouco a agradecer a mim, aos que me cercaram ou cercam; são apenas impressões próprias de um sedento caminhante do deserto que pode ter a sensação que nunca tomou água, mas caminhei e tomei muito.

Busco um amanhã melhor, e sempre carrego comigo a minha história: eu e as pessoas que me cuidaram e me cuidam, amaram e me amam, que amei e amo, cuidei e cuido.

Vivo e saboreio o que me for possível e vou aprendendo a viver melhor!

Amém!”

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Geração Mimimi

Propostas educativas nocivas da psicologia e pedagogia:

Lá por 1997 ou 1998, os alunos de psicologia da PUC-SP foram chamados (eu, inclusive) para assistir à palestra de uma das mais renomadas pedagogas. Em determinado momento, ela exclama: "As crianças sabem o que é melhor para elas. Precisamos apenas criar o contexto para elas descobrirem o que é bom pra elas."

Ao mesmo tempo, nas salas de aula, a pergunta de diferentes professores era "como educar sem frustrar e sem exigir muito das crianças?".

Para diminuir a frustração e aversão, foi adicionado o "passar de ano sem ter notas o suficiente", afinal, o certo seria "avaliar o aluno globalmente". Então, rodar por notas ruins começou a ser mal visto por algumas escolas e alguns pais.

Ainda foi colocada a ideia de "qualidade é mais importante do que quantidade", que "caiu como uma luva" para pais e mães que passavam o dia trabalhando - o que seria resolvido com "2 horas" de boa educação à noite, mas passando o dia com babás ou escolas.

Soma-se estas ideias ao conceito de melhoria da autoestima, associada ao aumento de elogios e diminuição de críticas.

Aí estão os ingredientes da bomba implementada em várias escolas no final do século XX : pouca orientação + pouca exigência + muitos elogios +  diminuição de punição (como rodar de ano ou ir para a diretoria e ser suspenso) + poucas críticas.

Resultado gritante ao entrar na vida adulta: despreparo para lidar com exigências; fragilidades ao ter que lidar com "bullyings" profissionais normais; a ideia de estudar e trabalhar no mesmo dia se tornou uma tarefa dificílima (que era comum há 20 anos); o indivíduo fica facilmente incomodado com colegas e chefes; a pessoa comumente desenvolve algum tipo de incômodo constante, como desenvolvimento de insônia pelos problemas com que lida; medo de ir trabalhar ou estudar por ter que lidar com situações aversivas comuns; aumento de probabilidade de desenvolver quadros de ansiedade e/ou depressão; desânimo em relação à vida e pensamentos suicidas, porque viver é difícil demais.

Eis o efeito da educação "mimimi".

Dr. Bayard Galvão

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Sexualidades Doentes

Conceitos de base: homem será considerado o Homo sapiens com genética XY e mulher será Homo sapiens com genética XX. A definição não se refere à aparência física, forma psicológica de funcionar, aparência de corpo que se quer ter ou por qual aparência de corpo sente atração sexual, mas sim à genética.


Sexualidade entra em 2 campos: qual corpo se quer ter e por qual aparência de corpo se tem atração sexual, daí podendo variar homem que quer ter corpo de mulher e ter relações sexuais com mulher, mulher que quer ter corpo de homem para ser penetrada(o) por um homem, homem que gosta do seu corpo e quer ter relações sexuais com outro homem e por aí vai. Alguns podem defender o conceito de ser atraído pela psique masculina ou feminina, o que não existe, pois, nenhum aspecto psicológico é apenas da mulher ou somente do homem, nem mesmo na maternidade ou paternidade.

Quando entramos no campo da sexualidade e moral, fica fácil ocorrer um choque com religiões e culturas diferentes. Contudo, saindo do que imaginamos que o Grande Arquiteta do Universo gostaria ou julgaria que fosse nossas relações sexuais, a regra fica simples: se for consentido por 2 adultos, façam o que quiserem, dado que eles têm direito sobre os seus corpos e ninguém além.

Doença vem da palavra dor, que podemos ampliar para a ideia de uma série de movimentos que provoquem dor. Isto posto, um homem que se força a ter relações sexuais com uma mulher, mas para conseguir isso, precisa se imaginar tendo relações sexuais com outro homem, tem uma heterossexualidade doente e doentia (situação real); assim como uma mulher que tenha medo e atração sexual por homem, ao se forçar a ter relações sexuais com outra mulher pelo pavor de violência do homem, terá uma homossexualidade doente e doentia (situação real).

Pode haver tanta doença na homossexualidade, quanto na heterossexualidade, e se assim for, que seja tratada para cada um poder exercer o prazer carnal com respeito recíproco, não importando o corpo que tenha ou por qual aparência sexual se sinta atraído. Nestes termos, pode-se curar tanto a homossexualidade quanto a heterossexualidade.

domingo, 2 de julho de 2017

Você Está Pronto Para Ter um Bom Casamento?

Casar é viver na mesma casa com outra pessoa (não é a festa), tão simples quanto ser pai ou mãe, mas complexo é ter um bom casamento ou ser um bom pai ou boa mãe.

Por quê alguém vai viver sob o mesmo teto que outra pessoa? A resposta dos filmes de romance seria o amor, mas este, por vezes, não existe, ou, por noutras, acaba, embora o casamento continue. Há várias outras causas comuns para acontecer, em maior ou menor intensidade e variedade: não saber viver sozinho, querer formar uma família, medo de envelhecer e não ter quem lhe cuide, não querer deixar claro para a sociedade a sua “opção” sexual, por carência, busca de segurança financeira, poder ter relação sexual “estável/garantida”, exigências religiosas, status com a própria família ou própria e até parar de trabalhar.

Pensemos numa atual proposta brasileira de um bom casamento: lealdade (seguir as leis explícitas e implícitas do casamento), atração sexual (estética corporal e atraente, além de sexo e “aquele” beijo bom), amizade (diálogo saudável, afinidades em interesses e formas de ver o mundo, somado a uma admiração recíproca do caráter e intelecto), saber servir-cuidar do outro (em momentos de sofrimento ou apenas mimos, como, por exemplo, um café na cama ou um cafuné), possuir objetivos comuns (onde morar, ter filhos ou não, para aonde viajar e como curtir o futuro) e condição financeira satisfatória (um ou ambos vão trabalhar, quanto usarão da própria vida no trabalho e quanto de dinheiro seria suficiente para tentar garantir o presente e futuro do casal).

Ninguém estará absolutamente pronto para ter um relacionamento com todas as características acima, mas algumas ideias são fundamentais para serem pensadas em termos de níveis (0-10) e não absolutos (sim ou não):

- Você sabe do que é feita a sua felicidade?
Se você não souber quais os ingredientes que lhe deixam feliz, você também não saberá o que lhe inspira esta emoção, seja numa pessoa, nas suas atividades ou em si.

- Quais características que você possui que podem dificultar um relacionamento?
É preciso se conhecer minimamente para perceber que há faltas ou falhas em si e que limitam demais um relacionamento, seja excesso de individualismo, ter que estar “com a razão” o tempo todo, ter dificuldades de lidar com críticas, ter hábitos higiênicos insatisfatórios ou ter sempre um “pé” fora do relacionamento, tanto por medo de acabar ou não confiar em pessoa alguma.

- Nível de curiosidade em relação a desejar sexo ou se relacionar afetivamente com outras pessoas.
Um pouco de desejo ou curiosidade em relação a outras pessoas é fácil de lidar e dificilmente afetará um casamento. No entanto, se for demais, tenderá a tornar o relacionamento um sufoco ao ser leal ou gerará uma deslealdade para vivenciar esta curiosidade ou desejo.

- Saber viver minimamente bem só.
Casar e não estar pronto para se separar é o mesmo que entrar voluntariamente numa “prisão” aparentemente boa. Não são poucas as pessoas que vivem o lema “ruim casado, pior separado(a)”, permanecendo em casamentos ruins por décadas e desperdiçando um enorme pedaço dos sabores da vida.

- Saber ser minimamente atraente sexualmente.
Cuidar relativamente bem do corpo, vestir-se minimamente bem, ter hábitos higiênicos razoáveis, conhecer satisfatoriamente bem o próprio corpo, ter boas noções de como fazer sexo e, de vez em quando, mudar o perfume, cor das unhas, lingerie ou pijama podem ajudar muito.

- Saber dialogar.
Dialogar é trocar ideias com alguém, refletindo sobre o que ouve e diz, colocando-se no lugar do outro enquanto está falando algo, principalmente, se for sobre um assunto delicado, seja sobre a família do outro, ciúmes, inseguranças, melhorias necessárias para a atração sexual e eventuais críticas.

- Saber observar o outro e se perguntar: esta pessoa, sendo como é, faria bem a mim?
Os opostos se atraem apenas num primeiro momento, mas, depois, costumam gerar aversão, salvo eventuais mudanças “compradas”. Um homem pode achar interessante uma mulher que corre 10 quilômetros no sábado e no domingo pela manhã no parque e que gosta de comer salada no almoço nestes dias, bebendo zero de álcool; mas, se o prazer dele for acordar lá pelas 10:00, tomar café lentamente, e, no almoço, comer churrasco e tomar vinho, tende a ser apenas uma questão de tempo até o prazer do convívio diminuir.
Não é uma questão de um estar errado e o outro certo, mas sim o quanto a maneira de curtirem a vida combina. As diferenças contribuem com um relacionamento até um determinado ponto, mas , depois, se torna um peso.

- Saber viver bem em “épocas de vacas magras ou gordas”.
Caso alguém saiba curtir a vida apenas quando tiver dinheiro sobrando pode gerar um peso desnecessário em si e/ou no outro. Algo que na época atual de crise brasileira, tem sido bastante comum.

- Quanto os objetivos dos 2 são comuns?
Querer sofás de cores diferentes tende a ser um problema fácil de ser contornado; mas um querer muito ser pai e ela ter certeza de que não quer ser mãe tende a inviabilizar um futuro agradável. E mais: e, se um se submeter à vontade do outro, pode gerar uma ferida em si e no sentimento que pode não ser reversível.

- Saber mimar o outro como o outro gostaria de ser mimado.
Saber servir ou mimar com presentes inesperados, café na cama, “comidinhas”, massagem, rosas, vinho ou charuto é fundamental.

- Aprender a pedir.
Ninguém é telepata!  Se você não souber pedir o que acha muito ou pouco importante, é possível que perca a possibilidade de ser feliz ou de saber que a pessoa apenas não se disporá a fazer o que você pede. Muitas vezes faz-se necessário deixar absolutamente claro o que se quer. Caso contrário, preciosos momentos podem ser perdidos e, com eles, parte do alimento do amor.

- Valorizar frequentemente o que é rotineiro.
O ser humano tem uma característica genética e nociva ao amor, ao se habituar com um determinado estímulo, ele para de valorizá-lo. A primeira vez que ela paga a conta ou ele faz um almoço para ela, eles se deliciam com o gesto, após várias vezes ao longo de meses ou anos, é possível se acostumar e deixar de valorizar o ato, matando o alimento do amor, que é a valorização do bem-estar que outro inspira ou gera em você.

- Ter um bom humor, na maioria das vezes.
Humor é o normal dos sentimentos de alguém, podendo ser de paz, ansiedade, inquietude, muita atividade, tristeza, leveza ou desânimo. Algumas destas emoções costumam fazer mal a um relacionamento se se tornarem frequentes.

- Saber lidar com as violências do outro.
Todos machucam a quem está perto, intencionalmente ou não. Ser completamente intolerante a estas dores complica o vínculo, não é uma questão de tolerar qualquer atitude da amada, mas de entender e aprender a lidar com isso. Claro, se for demais, aí é outra história.

- Saber pedir perdão.
Pedir perdão é reconhecer o próprio erro e pedir à amada que não se afaste física e emocionalmente de si, buscando cuidar para cometer menos o mesmo erro, e se possível, não mais cometê-lo.

Cada um destes tópicos daria origem a outros assuntos, e cada um deles pode ser encarada como virtudes necessárias a um bom relacionamento. Uns precisam exercitar um mais do que o outro, melhorar num ou noutro, mas não basta ser bom num ou noutro apenas numa época e não noutra. É preciso aprender a se relacionar constantemente, pois não nascemos sabendo e nunca saberemos tudo, ademais, os sabores de um grande amor é um dos grandes néctares da vida.

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Vivendo bem, ou até melhor, com menos $


Qual a diferença entre um carro de R$ 20 mil e um de R$70 mil? E qual a diferença de um de R $ 70 mil e um de R$300 mil? Qual a diferença de uma bolsa de R$ 20 e uma de R$ 300? E uma de R$300 e outra de R$2000? Qual a diferença de um apartamento de 30 m2 e outro de 120 m2? E qual a diferença entre um de 120m2 e um de 400m2?

Todo e qualquer produto terá uma ou mais funções. Um anel pode ter a função de beleza, status ou casamento; um carro pode ter a finalidade de levar alguém de um lugar para outro, com mais ou menos conforto, beleza ou status; uma viagem pode se remeter a status, conhecer culturas diferentes ou compras. Assim, a pergunta, ao comprar qualquer coisa, é: qual a finalidade real dela? Status, beleza, saúde, carregar coisas, transporte e/ou outro(s)?

A maioria das compras se refere não a uma necessidade e sim a um capricho, paladar, segurança ou status. Quase não há compras necessárias da classe média em diante (com exceção de remédios e tratamentos), porque tudo que for realmente importante, já é possuído, as compras se referem a mais conforto, beleza, mais do mesmo, mais tecnologia e/ou outros.

O normal é as pessoas perderem de vista as reais causas de qualquer compra, pois se parassem para pensar sobre o quanto gastam de vida na compra de coisas pouco úteis, elas provavelmente gritariam. Uma Ferrari comprada com 1 mês de trabalho é uma coisa, comprada com 10 anos de economia é outra. O mediano é as pessoas comprarem benefícios sem pensarem nos custos. Qualquer compra poderia ser permeada pela ponderação sobre qual o real benefício que isso traria e quanto da própria vida teria que ser usada ?

Gosto de conforto, boas comidas, agradáveis vinhos, música com boa fidelidade e filmes em alta resolução, mas se tornar refém dos próprios gostos, é escravidão. Libertar-se dos próprios prazeres, tolerando a sua falta, mas não se submetendo a ela, é uma necessidade para épocas de crises financeiras na vida.

A pergunta mais importante que qualquer pessoa precisa fazer ao comprar ou decidir qualquer coisa na vida é: qual a verdadeira relação custo/benefício que a compra (ter filho, casar, se separar, escolher determinada profissão ou emagrecer) tende a ter a curto, médio e longo prazo? Vive -se reclamando do que falta ou fora perdido, mas a verdade é que os amigos e amantes não se vão por termos menos, mas sim o nosso status. Afinal, as únicas pessoas que realmente se preocupação com o seu status, são pessoas mais interessadas no que elas ganharão através de você do que por você mesmo.

Um belo vinho “Brunello di Montalcino” com um suculento bife de “chorizo” uruguaio são excelentes, mas se eu focar no real custo deles, numa época de crise, ficarão amargos. Melhor uma costela bem assada e uma cerveja boa e barata qualquer, se o sono for melhor.

terça-feira, 18 de abril de 2017

Suicídio de Adolescentes

Se você foi "pop" na escola ou faculdade, amado pelos seus pais, sem problemas financeiros, magro e esportista, algumas ideias a seguir podem parecer alienígenas.
Pensar em suicídio e completar o ato são quilômetros de distância. Jovens que tenham se sentido solitários; "sacaneados"; inferiorizados; desprezados; menosprezados; focos de chacotas; com dificuldades em casa, financeiras ou de relacionamento com pais ou irmãos; e com pressões do tipo "você tem que ser o melhor ou nunca será coisa alguma na vida!"; tende a ter pensado em tirar a própria vida. Quem passa por essas situações costuma sentir vergonha, não procurando ajuda de maneira eficiente.
Há dicas de que alguém está passando por uma situação dessas, seja usando drogas ou excesso de álcool; isolando-se socialmente; dirigindo em alta velocidade e embora saiba do perigo, não se preocupa; constante indisposição para sair de casa, ir ao cinema e variações; ouvir frequentemente músicas "deprê"-suicidas; escrever diários ou fazer desenhos melancólicos; além de falas do tipo "a vida não tem sentido", "para que me esforçar tanto?", "não vejo razão para continuar", "gostaria de desaparecer" e "vocês vão se arrepender do que estão fazendo!".
As estatísticas mostram um índice maior de porcentagem de suicídio entre os jovens em comparação a anos anteriores, é difícil de dizer que esteja aumentando em termos de proporção. Ademais, afirmo que muitos suicídios não entram nas estatísticas, tais como acidentes de carro ou moto inexplicáveis, overdoses de medicações ou drogas e variações.
O grande problema da adolescência é enfrentar o mundo despreparado para ele, tanto em termos de frustrações amorosas, quanto de amizades, eventuais "incompetências" na escola, inferioridades de aparência, sacaneações de colegas aumentadas, desprezos contundentes e por aí vai, ou seja, um mundo adulto para quem está saindo da infância.
Para aumentar o problema, o excesso de protecionismo tanto propagado hoje pela mídia, onde pais fazem pelos filhos o que eles conseguiriam fazer por eles, a falta de críticas em relação às faltas e falhas e a intensa frequência de elogios, os levam a se sentir bem sobre eles, mas sem segurança e capacidade de lidar com as durezas da vida. Em outras palavras, entram num mundo de relacionamentos complexos e maior exigência acadêmica, menos preparado do que se estava nas gerações anteriores, ingredientes que facilitam o suicídio.
Problemas na vida equivalem a uma dor de cabeça que se toma um remédio para ela, então, persistindo os sintomas, procure a mãe, pai ou amigos e se não der certo, busque profissionais, como um psicólogo, psiquiatra, orientador pedagógico ou até do orientador religioso da família ou conhecido.
Entender os problemas da vida e aprender a lidar bem com eles, nisso consiste a sabedoria. Algo a ser formado em si a vida inteira, principalmente em épocas de sofrimento. Este é o foco de uma psicoterapia eficiente. Em outras palavras, para ser médico ou advogado, não basta ter tido um pai ou mãe com estas formações, é preciso fazer uma faculdade; similarmente, o mesmo vale para viver bem.
Quem não aprender a pensar bem sobre a vida, pode ser esmagado por ela com uma certa facilidade.