domingo, 2 de julho de 2017

Você Está Pronto Para Ter um Bom Casamento?

Casar é viver na mesma casa com outra pessoa (não é a festa), tão simples quanto ser pai ou mãe, mas complexo é ter um bom casamento ou ser um bom pai ou boa mãe.

Por quê alguém vai viver sob o mesmo teto que outra pessoa? A resposta dos filmes de romance seria o amor, mas este, por vezes, não existe, ou, por noutras, acaba, embora o casamento continue. Há várias outras causas comuns para acontecer, em maior ou menor intensidade e variedade: não saber viver sozinho, querer formar uma família, medo de envelhecer e não ter quem lhe cuide, não querer deixar claro para a sociedade a sua “opção” sexual, por carência, busca de segurança financeira, poder ter relação sexual “estável/garantida”, exigências religiosas, status com a própria família ou própria e até parar de trabalhar.

Pensemos numa atual proposta brasileira de um bom casamento: lealdade (seguir as leis explícitas e implícitas do casamento), atração sexual (estética corporal e atraente, além de sexo e “aquele” beijo bom), amizade (diálogo saudável, afinidades em interesses e formas de ver o mundo, somado a uma admiração recíproca do caráter e intelecto), saber servir-cuidar do outro (em momentos de sofrimento ou apenas mimos, como, por exemplo, um café na cama ou um cafuné), possuir objetivos comuns (onde morar, ter filhos ou não, para aonde viajar e como curtir o futuro) e condição financeira satisfatória (um ou ambos vão trabalhar, quanto usarão da própria vida no trabalho e quanto de dinheiro seria suficiente para tentar garantir o presente e futuro do casal).

Ninguém estará absolutamente pronto para ter um relacionamento com todas as características acima, mas algumas ideias são fundamentais para serem pensadas em termos de níveis (0-10) e não absolutos (sim ou não):

- Você sabe do que é feita a sua felicidade?
Se você não souber quais os ingredientes que lhe deixam feliz, você também não saberá o que lhe inspira esta emoção, seja numa pessoa, nas suas atividades ou em si.

- Quais características que você possui que podem dificultar um relacionamento?
É preciso se conhecer minimamente para perceber que há faltas ou falhas em si e que limitam demais um relacionamento, seja excesso de individualismo, ter que estar “com a razão” o tempo todo, ter dificuldades de lidar com críticas, ter hábitos higiênicos insatisfatórios ou ter sempre um “pé” fora do relacionamento, tanto por medo de acabar ou não confiar em pessoa alguma.

- Nível de curiosidade em relação a desejar sexo ou se relacionar afetivamente com outras pessoas.
Um pouco de desejo ou curiosidade em relação a outras pessoas é fácil de lidar e dificilmente afetará um casamento. No entanto, se for demais, tenderá a tornar o relacionamento um sufoco ao ser leal ou gerará uma deslealdade para vivenciar esta curiosidade ou desejo.

- Saber viver minimamente bem só.
Casar e não estar pronto para se separar é o mesmo que entrar voluntariamente numa “prisão” aparentemente boa. Não são poucas as pessoas que vivem o lema “ruim casado, pior separado(a)”, permanecendo em casamentos ruins por décadas e desperdiçando um enorme pedaço dos sabores da vida.

- Saber ser minimamente atraente sexualmente.
Cuidar relativamente bem do corpo, vestir-se minimamente bem, ter hábitos higiênicos razoáveis, conhecer satisfatoriamente bem o próprio corpo, ter boas noções de como fazer sexo e, de vez em quando, mudar o perfume, cor das unhas, lingerie ou pijama podem ajudar muito.

- Saber dialogar.
Dialogar é trocar ideias com alguém, refletindo sobre o que ouve e diz, colocando-se no lugar do outro enquanto está falando algo, principalmente, se for sobre um assunto delicado, seja sobre a família do outro, ciúmes, inseguranças, melhorias necessárias para a atração sexual e eventuais críticas.

- Saber observar o outro e se perguntar: esta pessoa, sendo como é, faria bem a mim?
Os opostos se atraem apenas num primeiro momento, mas, depois, costumam gerar aversão, salvo eventuais mudanças “compradas”. Um homem pode achar interessante uma mulher que corre 10 quilômetros no sábado e no domingo pela manhã no parque e que gosta de comer salada no almoço nestes dias, bebendo zero de álcool; mas, se o prazer dele for acordar lá pelas 10:00, tomar café lentamente, e, no almoço, comer churrasco e tomar vinho, tende a ser apenas uma questão de tempo até o prazer do convívio diminuir.
Não é uma questão de um estar errado e o outro certo, mas sim o quanto a maneira de curtirem a vida combina. As diferenças contribuem com um relacionamento até um determinado ponto, mas , depois, se torna um peso.

- Saber viver bem em “épocas de vacas magras ou gordas”.
Caso alguém saiba curtir a vida apenas quando tiver dinheiro sobrando pode gerar um peso desnecessário em si e/ou no outro. Algo que na época atual de crise brasileira, tem sido bastante comum.

- Quanto os objetivos dos 2 são comuns?
Querer sofás de cores diferentes tende a ser um problema fácil de ser contornado; mas um querer muito ser pai e ela ter certeza de que não quer ser mãe tende a inviabilizar um futuro agradável. E mais: e, se um se submeter à vontade do outro, pode gerar uma ferida em si e no sentimento que pode não ser reversível.

- Saber mimar o outro como o outro gostaria de ser mimado.
Saber servir ou mimar com presentes inesperados, café na cama, “comidinhas”, massagem, rosas, vinho ou charuto é fundamental.

- Aprender a pedir.
Ninguém é telepata!  Se você não souber pedir o que acha muito ou pouco importante, é possível que perca a possibilidade de ser feliz ou de saber que a pessoa apenas não se disporá a fazer o que você pede. Muitas vezes faz-se necessário deixar absolutamente claro o que se quer. Caso contrário, preciosos momentos podem ser perdidos e, com eles, parte do alimento do amor.

- Valorizar frequentemente o que é rotineiro.
O ser humano tem uma característica genética e nociva ao amor, ao se habituar com um determinado estímulo, ele para de valorizá-lo. A primeira vez que ela paga a conta ou ele faz um almoço para ela, eles se deliciam com o gesto, após várias vezes ao longo de meses ou anos, é possível se acostumar e deixar de valorizar o ato, matando o alimento do amor, que é a valorização do bem-estar que outro inspira ou gera em você.

- Ter um bom humor, na maioria das vezes.
Humor é o normal dos sentimentos de alguém, podendo ser de paz, ansiedade, inquietude, muita atividade, tristeza, leveza ou desânimo. Algumas destas emoções costumam fazer mal a um relacionamento se se tornarem frequentes.

- Saber lidar com as violências do outro.
Todos machucam a quem está perto, intencionalmente ou não. Ser completamente intolerante a estas dores complica o vínculo, não é uma questão de tolerar qualquer atitude da amada, mas de entender e aprender a lidar com isso. Claro, se for demais, aí é outra história.

- Saber pedir perdão.
Pedir perdão é reconhecer o próprio erro e pedir à amada que não se afaste física e emocionalmente de si, buscando cuidar para cometer menos o mesmo erro, e se possível, não mais cometê-lo.

Cada um destes tópicos daria origem a outros assuntos, e cada um deles pode ser encarada como virtudes necessárias a um bom relacionamento. Uns precisam exercitar um mais do que o outro, melhorar num ou noutro, mas não basta ser bom num ou noutro apenas numa época e não noutra. É preciso aprender a se relacionar constantemente, pois não nascemos sabendo e nunca saberemos tudo, ademais, os sabores de um grande amor é um dos grandes néctares da vida.

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