segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Geração Mimimi

Propostas educativas nocivas da psicologia e pedagogia:

Lá por 1997 ou 1998, os alunos de psicologia da PUC-SP foram chamados (eu, inclusive) para assistir à palestra de uma das mais renomadas pedagogas. Em determinado momento, ela exclama: "As crianças sabem o que é melhor para elas. Precisamos apenas criar o contexto para elas descobrirem o que é bom pra elas."

Ao mesmo tempo, nas salas de aula, a pergunta de diferentes professores era "como educar sem frustrar e sem exigir muito das crianças?".

Para diminuir a frustração e aversão, foi adicionado o "passar de ano sem ter notas o suficiente", afinal, o certo seria "avaliar o aluno globalmente". Então, rodar por notas ruins começou a ser mal visto por algumas escolas e alguns pais.

Ainda foi colocada a ideia de "qualidade é mais importante do que quantidade", que "caiu como uma luva" para pais e mães que passavam o dia trabalhando - o que seria resolvido com "2 horas" de boa educação à noite, mas passando o dia com babás ou escolas.

Soma-se estas ideias ao conceito de melhoria da autoestima, associada ao aumento de elogios e diminuição de críticas.

Aí estão os ingredientes da bomba implementada em várias escolas no final do século XX : pouca orientação + pouca exigência + muitos elogios +  diminuição de punição (como rodar de ano ou ir para a diretoria e ser suspenso) + poucas críticas.

Resultado gritante ao entrar na vida adulta: despreparo para lidar com exigências; fragilidades ao ter que lidar com "bullyings" profissionais normais; a ideia de estudar e trabalhar no mesmo dia se tornou uma tarefa dificílima (que era comum há 20 anos); o indivíduo fica facilmente incomodado com colegas e chefes; a pessoa comumente desenvolve algum tipo de incômodo constante, como desenvolvimento de insônia pelos problemas com que lida; medo de ir trabalhar ou estudar por ter que lidar com situações aversivas comuns; aumento de probabilidade de desenvolver quadros de ansiedade e/ou depressão; desânimo em relação à vida e pensamentos suicidas, porque viver é difícil demais.

Eis o efeito da educação "mimimi".

Dr. Bayard Galvão

Nenhum comentário: