sábado, 1 de junho de 2013

Sofia Versus Filosofia

Sofia, por razões que não se fazem importantes nesse momento, significa sabedoria (o quanto alguém saboreia conhecimento em alguma área), e filosofia, por outras causas, diz que o ser humano não é capaz de sabedoria, mas apenas de ser amante ou amigo da sabedoria, daí philia-sophia (termo aparentemente cunhado por Pitágoras).

Podemos subdividir sabedoria em 2 classes: (1) entender o mundo como é (e foi) e com base nisso alterá-lo ou mudá-lo, que pode ser chamado de ciência e (2) inventar um punhado de regras de como viver, que pode ser denominado de moral (que quanto melhor seguida por alguém, mais sábio se é, segundo ESSA moral), nesse caso, sempre individual e completamente inventada pelo ser humano.

Essa moral vem, por vezes, com a pretensão de ser universal, como fazem as religiões, ou com propostas mais modestas, colocadas como ideias de um ou mais indivíduos, sempre com faltas e falhas, próprias do espírito humano. Subdividindo (talvez) melhor ainda: a sabedoria como algo (1) indiscutível (ciência) e a sabedoria que (2) depende do ponto-de-vista (gosto, desgosto e moral).

Por derivação temos: todas as perguntas sobre bom (que segue uma moral) e mau (imoral), bem (prazer) e mal (dor), dependem esmagadoramente do ponto-de-vista de uma pessoa, embora sacerdotes nos seus múltiplos nomes e religiões afirmem que segundo os livros que leram, escritos há séculos ou milênios, tenham fé ou convicção de que existe apenas uma verdade, a deles, sendo de tal forma inferiores ou vis aqueles que acreditam em outras ideias, que chegam a afirmar sobre estes: "morte aos infiéis!", ou seja, "morte a quem não pensa como eu!".

Um dos desdobramentos dessas ideias é: nada é importante ou irrelevante senão do ponto-de-vista de alguém, seja ser mãe, dono de uma Ferrari, ajudar ao próximo ou assar um churrasco. O mundo e outras pessoas são significativas porque um ou mais indivíduos assim o declaram.

Vivemos numa época em que pessoas não são, na sua maioria, mortos por acreditarem em deuses diferentes ou por acreditar em nenhum deus, vivemos numa época melhor do que os nossos antepassados que eram assassinados porque eram de uma etnia diferente (sim, essas atrocidades ainda existem, mas muito menos do que no passado).

O comum ciclo de muitas religiões de reproduzir, ensinar a prole a seguir uma religião, e nessa acreditar, seguindo o movimento de crescer propagando ou não essas ideias, viver e seguir essas regras, e trabalhar e se relacionar e se reproduzir e depois morrer seguindo as mesmas normas, tem perdido o seu poder, por enquanto, até porque eu não sei se vencerá a liberdade de espírito ou o medo.

O ser humano nunca esteve tão inseguro para saber o que fazer com a sua vida, mas também nunca fora tão livre.

Essa é a riqueza e custo da Liberdade de Espírito: criar a própria sabedoria para viver e arcar com o peso dela, responsabilizando quase ninguém por algo, exceto a si por suas capacidades, faltas e falhas.

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