sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Gostar e Amar

Belo é o que dá prazer.

Gostar é ter prazer ao estar em contato com alguém, sendo portanto, a beleza de acordo com quem gosta.

Amar é buscar o bem-estar de alguém porque lhe é belo.

Ética é buscar o bem-estar de alguém.

1. Para gostar é fácil, difícil é amar. O amor é apenas possível para quem é capaz de colocar alguém antes de si, seja por um segundo ou décadas, o mesmo valendo para ética.
Alguns cidadãos não conseguirão pensar em outros sem que pense primeiramente em si, assim, o amor não estará possível; alguns serão assim por alguns segundos, outros, talvez, por uma vida inteira.
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2. É bom achar que todos os pais amam seus filhos e vice-versa. O conceito é bom para vender revistas, filmes, músicas e novelas, mas a vida real é, infelizmente, bem diferente.

Muitos pais buscam o bem-estar dos seus filhos mais por ética (uma possibilidade da moral) ou dever (outro sentimento derivado da moral ou medo) do que amor, sendo a recíproca verdadeira. Ora, basta observar os famosos almoços forçados de domingos que o filho/ filha e pai/ mãe se esforçam para comparecer, esperando pacientemente o momento certo para cada um ir para sua casa. Analogicamente colocada é a situação em que quando o respectivo pai ou filho morre, fica mais a dor da culpa porque não cumpriu com algo do que a profunda falta de alguém que amava ou gostava.

Entretanto, nos dias de hoje, é mais comum os filhos gostarem e amarem os seus pais do que há 30 anos, pois hoje os pais trocam mais, mostram-se mais, conversam mais, tornando-se mais belos aos seus filhos, sendo portanto, mais gostados e amados, sendo a recíproca verdadeira.
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3.
As relações familiares, pelo menos no Brasil, genericamente pensando, estão melhorando, os pais estão se aproximando dos filhos; e casais, além de sexo, filhos e complementariedade, estão sendo amigos entre si.
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4. O moralismo familiar hierárquico exagerado impede um estabelecimento real de vínculos. Por exemplo: o pai que precisa saber tudo e ser modelo em tudo para os filhos, não admitirá seus erros, tendendo a ser austero e/ou nomeando-se divino para o filho e/ou sendo seu grande juiz, afastando-se do filho, não permitindo uma intensificação e ramificação do relacionamento.
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5. A beleza presente no amado ou gostado pode ocorrer nas suas múltiplas possibilidades, às vezes só em um, mas não no outro. Por exemplo: um filho pode ser belo ao pai por ser inteligente, mas não pelo caráter; belo pelo caráter, mas não pela inteligência; belo pelo caráter e inteligência, mas devido a gostos muito diferentes, ocorre pouco diálogo; e belo pela aparência, mas feio pela desonestidade.
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6. Gostar é ter prazer ao ter contato, assim, uma mãe pode gostar (ter prazer ao estar com) da sua filha, mas não amá-la; ou pode amá-la (buscar seu bem-estar por alguma beleza), mas não gostar dela (não sendo o contato agradável). Então, o amor não implica no gostar, e vice-versa.
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7. Portanto, é importante para a compreensão das relações vividas e que se vive, perguntar-se algumas coisas:
a- Meu pai (mãe, namorada, namorado, avô, avó, marido, esposa e/ou educadores em geral) era capaz de amor?
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b- Meu pai (...) é capaz de amor?
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c- Meu pai (...) viu beleza em mim? Em que aspecto?
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d- Meu pai (...) vê beleza em mim? Em que aspecto?
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e- Fui ou sou gostado e/ou amado pelo meu pai (...)?
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f- Do que me faltou, me falta e quero, em termos de ser gostado e amado, o que eu preciso fazer por mim?

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