domingo, 24 de janeiro de 2010

Fim da dependência entre homens e mulheres? (parte I)

Faltava independência financeira para a mulher, existindo uma educação temerosa referente ao sexo.

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Faltava ao homem o sexo fácil e livre, incluindo uma educação mínima para organizar uma casa.

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Um aprendia a fazer e ser bom em algumas coisas comuns e muitas incomuns, portanto, ela sabia coisas fundamentais que ele ignorava e vice-versa.

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Faltava a ambos a possibilidade de um namoro livre.

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O moralismo judaico e cristão era mais forte, principalmente no que se refere à vida familiar.

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Era necessário a ambos o sexo oposto para tocarem a vida com uma certa tranquilidade, dentro de uma comum estabilidade, numa moralidade facilmente aceita.

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A palavra depender vem do latim dependurare, que também dá origem à palavra pendurar-se, dito de outra maneira: depender é pendurar-se em alguém, sem quem algo não acontece. Então, as relações entre homem e mulher se baseavam em uma codependência, além de, muitas vezes, terem como base um moralismo escravo (aprofundamento disso fica para depois, como está, de diferentes maneiras, em textos anteriores).

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Hoje, ele e ela conseguem fazer por si, em maior ou menor nível, o que o outro fazia no passado, finalizando a idéia de um relacionamento mutualista (um necessita do outro para viver), dando espaço para um relacionamento simbiótico (ambos vivem bem sozinhos, e melhor juntos).

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Obviamente, ainda há relacionamentos nas bases antigas, mais fortes e duradouros por um lado, embora o pilar do indivíduo fosse mais fraco. O conceito de fraqueza é adequado, pois ser forte ou fraco está correlacionado ao quanto de força alguém tem para fazer algo, se sobrar força, é forte, se faltar, fraco. Nesses termos, porque o homem e mulher conseguem fazer cada vez mais por si, sem o outro, menos dependem e constituirão, portanto, um vínculo mais com base na adição de forças (que tende a ser mais incerto) do que "fechamento recíproco" de buracos (mais certo).

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A vida está mais insegura, o futuro financeiro e afetivo, por diferentes razões (não acredito que seja o momento de aprofundar esses pontos agora), está mais incerto do que antes, e tudo parece indicar que esses movimentos continuarão, alterando as causas segundas dos vínculos entre as pessoas, mas não suas causas primeiras (buscar prazer e fugir da dor).

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Concluindo, não sei se dá para dizer que a vida está mais difícil do que era, mas certamente está mais complexa. Contudo, a independência do indivíduo, hoje, é mais possível do que ontem, permitindo novos e mais complexos sabores no viver.

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