segunda-feira, 12 de abril de 2010

Dores da Separação

Separar-se de alguém é amputar um membro do espírito, o corte que fica, se bem cuidado, dá espaço e oportunidade para um novo relacionamento, que na medida da reflexão saudável sobre o rompimento, aumenta a probabilidade do novo vínculo ser mais pleno.
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A dor do corte de vínculos costuma vir em diferentes ondas, por vezes separadas, noutras juntas, provocando a sensação comum de afogamento, entre a tentativa de retomar o ar entre uma e outra leva de ondas que o/a derrubam, elas costumam ser: tristeza pela perda do que havia de bom; raiva pelas mágoas das brigas; frustração pela tentativa que não foi sustentável; diminuição de auto-estima por ter-se como incapaz ou pouco para si, o outro ou apenas por não conseguir se relacionar mais longamente; perda de sentido na vida, pois até então orientava a própria vida usando "nós", sendo agora "eu"; sensação de traição por acreditar que deu mais do que recebeu; tentativa de diminuir o outro através de "listas de ruindades e limites" do mesmo, que por sua vez gera, normalmente, a sensação de que se entregou para quem não merecia; sentimento de gasto de vida por ter se dedicado e a sensação de que se o que dá sentido à vida é ter uma relacionamento, não conseguindo permanecer num ou mantê-lo, a vida perde seu significado.
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Os efeitos dessas diferentes dores podem se transformar em diferentes possíveis quadros psiquiátricos, como ansiedade generalizada, depressão, e até síndrome do pânico e variados distúrbios psicossomáticos. Incluindo dificuldades (e até impossibilidades superáveis) em permitir novos apegos mais profundos (vale dizer que, tomada as devidas proporções, um relacionamento e seu fim podem se transformar em traumas do nível de sequestro).
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É preciso aprender a perder para ganhar, para saborear, para viver. Alguém cuja perda seja, pelas razões acima descritas ou outras, inaceitável, ficará tão preocupado em perder relacionamentos que não se permitirá futuros vínculos de uma maneira mais leve, sem controle, medos, inseguranças desnecessárias e afins, criando um peso tão grande no convívio que levará à situação que teme, seja uma traição ou apenas o fim.
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Portanto, aprender não o desapego, mas a superar a dor da perda de quem se apegou (ondas acima descritas), até para viver melhor, inclusive consigo.

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