sexta-feira, 28 de maio de 2010

A sabedoria, não a filosofia, como uma provável necessidade para viver bem…

Sábio é quem saboreia algo eficientemente, geralmente entendido assim no âmbito do viver.

Filosofia, etimologicamente definida, é amar ou ser amigo da sabedoria, sendo impossível possuir essa, termo cunhado e definido, aparentemente, por Pitágoras. Ora, afirmar que o homem não é capaz de sabedoria, mas apenas de se aproximar dela, é declarar que ela existe sem o homem, o que é uma idéia, para não dizer má, no mínimo, alienante.

Necessário é aquilo que não existindo, impossibilita o funcionamento de algo. Assim, água é necessária à vida, como a luz para a sombra e uma sabedoria mínima para um viver bem perene.

Não há sabedoria sem o pensamento humano, então, sabedoria não é algo a ser buscado, descoberto ou achado, mas sim inventado, criado e originado naquele que a quer, que precisa dela. Por exemplo, qual a forma sábia de viver, de educar uma criança, lidar com a própria morte e de outrem, de se relacionar, de trabalhar, de lidar com traição, com os próprios limites e erros?

Os orientadores religiosos na forma de padres, rabinos, pastores, bispos, papas, médiuns, entidades e afins, tendem a acreditar que há apenas uma resposta certa para essas perguntas, todas advindas de suas crenças, e quando afirmam que existe o livre arbítrio, geralmente vem com uma pequena nota de rodapé do tipo: você tem toda a liberdade para fazer o que quiser da sua vida, entretanto, se fizer diferente do que estou dizendo e/ou acredito, queimará no inferno ou se ferrará de alguma forma.

Enfim, sabedoria é aquilo que definirmos como tal. Podemos brincar com a idéia de sabedoria como sendo saborear bem a vida no que ela é, porém, embora fosse possível dizer que uma criança pudesse ser considerada sábia por saborear a vida, o conceito caminha, geralmente, de mãos dadas com lucidez, ou seja, entendimento das coisas (incluindo pessoas) e seus movimentos, conceito esse pouco exercido por crianças, inclusive por falta de vivência, sendo, portanto, impossível a uma criança ser sábia, pelo menos num contexto mais rigoroso.

Então, temos que sabedoria precisa ter como base a lucidez, entretanto, algumas pessoas ficam cegas pela luz que formaram nelas mesmas, perdendo inclusive a capacidade de degustar suas vidas, ficando amargas nelas mesmas. Poetas, pensadores e músicos não faltaram ou faltam para afirmar que a vida cheira mal por ser como é, ora, um homem lúcido que tenha perdido a capacidade do sorriso frente o que percebe na sua complexidade, também não pode ser considerado um saboreador da vida.

Concluindo, por enquanto, à sabedoria é necessária a lucidez e o sorriso, não necessariamente o riso, mas também a leveza de um espírito gracioso, representado pelo sorriso em meio às cicatrizes complexas de si. Contudo, para haver um sorriso em meio a complexas percepções do mundo, bastaria a lucidez somada a antidepressivos, ou seja, anestésicos da vida, por vezes carinhosamente chamados de pílulas da alegria, o resultado é que não basta lucidez e sorriso, mas também algo mais, uma maneira do indivíduo de lidar com a vida, sendo ela mais ou menos sistematizada, a isso é dado o nome de moral.

Então temos a seguinte equação:

Lucidez acerca da vida + uma moral alegre criada por si para lidar com a luz formada em si, com ajuda ou não, por si = sabedoria

Resumo do texto: para viver bem com as dores da vida e sem antidepressivos, é necessário um mínimo de sabedoria.

Um comentário:

Vicentin disse...

Muito Bom esse texto Bayard, Parabéns