sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Depressão

Depressão: propriamente vem de depressare, do verbo deprimere, “prensar, esmagar”, formado por de-, “para baixo”, mais premere, “apertar, comprimir”.
 
Depressão é um quadro psiquiátrico, ou seja, uma classificação de acontecimentos psicológicos que são entendidos como tendo determinados movimentos neuroquímicos que recebem tal nome. Um ou mais dos seguintes sintomas ocorrem em maior ou menor intensidade: cansaço, desanimo, pensamentos suicidas, falta de prazer, angústia, dores corporais sem causas orgânicas, sensação de peso, pensamentos focados em aspectos ruins distorcidos ou não do próprio viver e que já perduram por 6 meses ou mais.
A pergunta é: o que provoca esse quadro? Três causas em maior ou menor nível: ambiente (clima nublado e/ou frio e/ou alimentação), DNA (o que provocaria as alterações neuroquímicas) e/ou psique. Na minha experiência, mais de 90% dos pacientes com depressão tem como causa essencial a psique.
A depressão pode ser gerada por acúmulo de pequenos e/ou médios sofrimentos emocionais e/ou um ou mais intensos.  No geral, deriva dos pequenos e médios, mais do que traumas como a perda de um filho. Alguns acontecimentos de intensidade pequena e média: casamento ruim; trabalho sofrível; baixa autoestima; abandono por alguém, seja pai ou mãe ou esposo(-a); síndrome do pânico que perdura por meses ou anos; dor por solidão e/ou tantos outros.
Uma característica de base de um indivíduo que facilita depressão seria a dificuldade de lidar com os problemas do dia a dia, que levam a uma somatória de dores do viver, que em determinado momento culmina num peso mais ou menos insustentável, criando o quadro chamado de depressão.
Foquemos nesse último aspecto: acúmulo de problemas não resolvidos. A forma como isso acontece costuma ser por não perceber e/ou querer lidar com a dor de ver um problema e enfrentar o sofrimento de superá-lo. Exemplo: (1) observar, de fato, dificuldades do casamento como traição, falta de amor, acomodação e menosprezo, e (2) lutar para tentar mudar isso ou até enfrentar uma separação. Ambos causam inúmeros desconfortos. Contudo, a médio e longo prazo, o que tira mais vida?
A vida não é feita de intensas emoções, somos como uma árvore que obtém energia não de uma grande folha, mas sim de centenas de pequenas, como um bom café, uma boa música, um bom banho, uma boa conversa pela manhã, um bom emprego, uma boa comida no almoço, bons amigos, uma boa cama, um bom happy hour, um bom sexo, uma boa autoestima, um bom final de semana e bons diálogos. É preferível termos tudo isso em maior intensidade, entretanto, é raro, para não dizer impossível, ter grande intensidade nessas coisas todos os dias. Portanto, é necessário desfrutar do dia a dia, e quando não for possível, algo precisa ser radicalmente mudado, e nada mais radical do que mudanças nas bases do viver consigo, trabalho e outros.
Assim, 2 perguntas para curar ou superar a depressão:
- O que do dia a dia está doendo?
- Como resolver este sofrimento? Por mais que doa a curto prazo, mas sendo buscado o viver bem a médio e longo prazo.
Ainda, proponho a você, leitor, um medo... que eu possuo e faço questão de mantê-lo: tenha medo de chegar ao final da sua vida achando que viveu mal, com base nisso, tome as decisões para que isso não ocorra de maneira alguma, dentro do que for possível e razoável.

Um comentário:

Cristina disse...

Um ótimo texto para refletir. Nunca tinha pensado na depressão por esse foco, as pequenas vivências, o dia a dia e concordo com você, já vivi isso e para sair desse estado é preciso coragem para mudar, para enxergar novos horizontes. Muito bom seu blog, tenho um blog também e vou te seguir!! Um abraço!!!