“Os meus pais deveriam ter feito mais.”
“As pessoas deveriam ser mais justas.”
“A vida deveria ser mais fácil.”
“Os professores deveriam ensinar melhor.”
“Os políticos...”
Até onde buscar mudar? O que depende de cada um?
Por não conseguir lidar com o mundo como é, fugas são criadas, desde o apego desenfreado a religiões, drogas ou bebidas, trabalho excessivo, remédios psiquiátricos e chegando até ao suicídio.
Parece que Nietzsche em determinado momento afirmou que devemos amar o que não se pode mudar, talvez seja mais fácil e até mais Humano, apenas aceitar as coisas que não podem ser mudadas como são, também buscando diferenciar o que pode ser mudado por si ou não e até onde vale pagar o preço para gerar o movimento.
Porém, certa vez ouvi:
- “A minha felicidade depende do bem-estar da minha família, minha mãe é vagabunda, meu pai é alcoólatra, minha irmã é extremamente agressiva e o meu irmão é dependente químico e criminoso”.
Ora, em teoria esta pessoa poderia mudar a vida de todos, para tanto, poderia buscar um padre, psicólogo e/ou psiquiatra, e/ou fazer essas faculdades, abandonar sua vida fora de casa e dedicar toda a sua existência ao estar bem de pessoas que não se preocupam o suficiente com as próprias situações.
Essa idéia, aparentemente, seria defendida por Saint Exupéry no célebre romance “O Pequeno Príncipe” através da frase “Você é eternamente responsável por quem você cativa”, realmente não sei se ele defendia esse conceito moral ou se seria apenas a fala de um dos personagens, mas quem quer que acredite nisso está ferrado de lado a lado, tornando-se ou um bruto para cativar ninguém ou um cidadão condenado a viver a vida do outro, sentindo-se eternamente culpado por se pensar responsável por isso e não conseguir resolver muitas coisas.
Por uma mera questão de sobrevivência, penso que primeiro precisemos aprender a cuidar bem de nós, depois de quem quisermos, seja por justiça, amor, ética ou alguma outra razão que pareça razoável.
Para aceitar a realidade como é, uma possível forma, pelo menos a que uso, é aprender a aproveitar o que os momentos cotidianos têm a oferecer, por mais que sejam menos intensos e freqüentes do que (muitas vezes) gostaríamos.
Então, uma das virtudes mais importantes de serem aprendidas para viver bem é estabelecer expectativas realistas e saboreá-las na intensidade que a realidade permite, e se precisar, vez ou outra, saborear de maneira bem temperada com vinho e afins, aliás, por que não?
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