quarta-feira, 1 de abril de 2009

Sabedoria


Sabedoria, faculdade psíquica relacionada ao saber algo. Saber, do latim sapere, que dá origem à palavra sabor. Daí, sabedoria como o quanto alguém saboreia algo.

Sabedoria na vida… Poderia ser tomada como qualquer um que saboreia a vida, então, todos… Entretanto, proporei uma possibilidade de idealização desse conceito.

Sponville, no livro “A Sabedoria dos Modernos”, define sabedoria como “viver no máximo da lucidez no máximo da felicidade”, fazendo uso dessa idéia, algumas possíveis reflexões:

- Máximo da lucidez: se lucidez se refere à luz, e essa ao entendimento das causas, atos e respectivos efeitos, então, o máximo da lucidez seria a clareza exata de todos os movimentos de algo, uma impossibilidade para as condições humanas. Nesses termos, a sabedoria não seria humana. Apenas por uma questão de humanização da linguagem e não sua deificação ou divinização fora das condições do Homo sapiens, a idéia de “máximo da lucidez” me soa estranho.

- Máximo de felicidade: aqui há um problema no que se refere à noção de felicidade, e não haverá uma real crítica com relação ao conceito em si, pois não tenho claro o que significa para Sponville. Então, conhecendo o meu limite sobre a definição exata da qual o autor dispõe, usarei o sentido coloquial de sinônimo de prazer. Posto isso, alguém pode entender as coisas, dentro de suas próprias capacidades e enquanto assim o faz, cheira cocaína ou fuma crack, tendo felicidades/ prazeres máximas/ máximos, não penso que isso poderia ser considerado sabedoria sob hipótese alguma.
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Postas essas idéias, uma possível variação para o conceito de sabedoria é:
Sabedoria como a capacidade psíquica presente de (1) ter claro, dentro do limite humano (embora não conhecido, impossível de ser absoluto), as causas, atos e respectivos efeitos de movimentos passados, presentes e de possibilidades, e (2) ter uma moral cuja base seja um espírito livre, a qual inspire vitalidade e prazer (não acho que um indivíduo amortecido ou triste cotidianamente possa ser considerado sábio).

Nesses termos, sabedoria jamais seria um conceito absoluto e sim de maior ou menor nível de sabedoria.

No que se refere ao conceito de
Liberdade de Espírito, é possível a definição progressiva e cíclica de: (a) conhecer a si, dentro do razoável; (b) nas coisas que conhece de si e respectivas áreas, buscar mais conhecimento do que já foi proposto e formando as próprias idéias; (c) com base nesse aumento de conhecimento questionar a si mesmo; e (d) unificar o próprio espírito segundo essa forma de viver considerada melhor. Por exemplo: (a) conhecer os por quês se sente atraído por uma determinada pessoa; (b) estudar relações humanas, elucidar sentidos possíveis sobre atração entre pessoas, finalidades de um relacionamento, da vida, de quem o outro é, estabelecendo para si com quem vale se relacionar e pelo quê; (c) questionando as causas primeiras que levaram a uma atração inicial; e (d) através da hipnose, rever momentos passados em que aprendeu a ter determinada pessoa como atraente, fazendo uso nesse momento, de reflexões mais livres sobre a coisa, tornando-se assim mais senhor de si mesmo.

Então, sabedoria é um processo possível, não absoluto, de base na Liberdade de Espírito e entendimento, seja em qual área for, e que tenha uma moral inspiradora de vitalidade e prazer no viver.

2 comentários:

Anônimo disse...

“Sabedoria na vida… Poderia ser tomada como qualquer um que saboreia a vida, então, todos… “
Todos? Todos quem?
Quem saboreia a vida e o que significaria saborear nesse contexto?
Porque saborear é deleitar-se, é regozijar-se com algo. Venhamos e convenhamos, a vida em média é miserável. Quem é que pode falar que saboreia a vida?
A vida é normalmente um fardo. É uma sucessão de horas de tédio, trabalho estafante, obrigações burocráticas e muitas dores.
Saborear a vida, plagiando o Lobo da Estepe é “só para loucos é só para raros”.

Bayard Galvão disse...

A última frase do texto, e que contém a noção de sabedoria que defendo, foi a seguinte:

"Então, sabedoria é um processo possível, não absoluto, de base na Liberdade de Espírito e entendimento, seja em qual área for, e que tenha uma moral inspiradora de vitalidade e prazer no viver."

No que se refere a "...saborear a vida, plagiando o Lobo da Estepe é 'só para loucos e raros'" Por que não buscar de tornar um dos "raros"?