sexta-feira, 1 de julho de 2011

Existência com Liberdade de Espírito

"Tornar-me pai definiu minha existência!"


Alguém certa vez disse que existência é como cada um se relaciona com o mundo, inclusive a si e outras pessoas.


Quando alguém diz que algo define a própria existência, está dizendo que há Um (poderiam ser mais) eixo fundamental da própria vida, quebrando esse, a quebra do viver ocorre. Uma mãe cuja espinha dorsal do viver é ter essa função, sendo todo o resto secundário, acontece o quê quando o filho sai de casa e não precisa mais dela? Perder o próprio filho para uma namorada dele promove quais possíveis efeitos? Se o filho morrer, como ela fica? Antes do filho nascer, havia uma espinha dorsal na própria vida? Após ele deixar de fazer parte do cotidiano dela, será que conseguirá reorganizar a própria vida?


Uma comum razão para definir algo externo a si como a causa do próprio viver, é a falta de outras atividades consideradas essenciais, consigo...


Atividades comuns que dão eixo à vida: trabalho, dinheiro, filho, relacionamento, beleza, religião, amigo, comida e bebida.


Schopenhauer, sabiamente, diz: “o centro de gravidade de muitas pessoas fica fora delas”. Realmente, não sabendo o que fazer da própria vida, algumas pessoas decidem tê-la noutro, seja de maneira percebida e decidida ou não, na forma de se tornar pai ou mãe ou marido ou esposa ou cuidador ou ou ou...


O problema da existência alienada de si consiste no fato de que sem perceber, descobrimos o significado da vida, quando esse, na realidade, entrou no nosso espírito sem percebermos, dando a entender que é nosso, quando era de outrem. Muitos dos nossos gostos e significados da vida são formados segundo a seguinte situação: o bebê com 3 horas de idade é levado ao quarto da maternidade, em cuja porta há um adorno com o símbolo do time de futebol do pai, a primeira camiseta é a do clube em questão, mais tarde na vida, quando alguém pergunta ao filho, que torce apaixonadamente, por que assim o faz, ele apenas responde que “não sabe, mas que apenas é apaixonado pelo esporte e nasceu assim!”.


Assim é formada a moral de cada um, as idéias de prioridade, conceitos de religião, o que fazer da vida, como agir e o que buscar no viver. Então, grandes descobertas sobre o que fazer da vida são apenas reproduções de pensamentos passados a nós quando ainda numa idade em que não tínhamos condições de criticá-los nem tampouco percebê-los.


Portanto, acreditamos antes de aprendermos a questionar, e depois, questionamos o que for diferente do que acreditamos e temos como sentido e significado para a vida. A maioria dos valores de cada um de nós são apenas reproduções do que um dia nos passaram. Nesses termos, a libertação se daria na medida do questionamento dos conceitos que usamos para orientarmos a nossa vida, ou seja, o que consideramos certo, prazeroso e errado. Após o questionamento, dar-se-á a purificação do espírito segundo o próprio indivíduo, tornando-se este, de fato, governante de si mesmo.


Concluindo, pouco importa o que cada um decide como sendo o sentido da vida para si, seja seguir uma religião, construir uma família, ter uma Ferrari, ser político, ter um corpo perfeito ou ser cozinheiro, acredito que o importante seja se cada um usou de questionamentos existenciais e reflexões lúcidas para inventar o próprio significado da vida e reinar sobre suas emoções, na medida do razoável, eis a Liberdade de Espírito.


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