domingo, 12 de fevereiro de 2012

Dedicação e Culpa

Responsabilidade pode ser entendido como o ato de responder pelos efeitos das (suas) atitudes.

Deve-se algo a alguém que fez algo por quem se tornou o devedor.

Ajudar é facilitar a chegada de alguém a algum objetivo ou levá-lo a este. Embora valha a pergunta: objetivo de quem ajuda ou é ajudado?
Culpa advém da idéia de que o indivíduo quebrou uma ou mais regras da própria moral.
Moral é qualquer sistema de regras de como viver.
A maioria das pessoas incluem em suas morais as idéias de responderem pelos (seus) atos e pagarem pelos seus débitos. Portanto, a culpa por não arcar com as próprias responsabilidades e débitos é uma emoção comum.

A pergunta que se pode fazer é: o que é, de fato, responsabilidade ou débito de cada um?
A resposta amoral é: o que cada um decidir como tal.
Analisemos as seguintes situações, incluindo em seguida, uma variação da pergunta "qual a responsabilidade ou dever de cada indivíduo em cada contexto segundo você (leitor)?":
1- O bebê acabou de nascer.
Pergunta: em que nível a mãe é responsável pelo bem-estar dele? Em que nível ela deve algo a ele ou pode se responsabilizar por ele(lembrando que o mesmo não pediu para nascer)?
2- A mãe de 85 anos de idade está doente, ela exige direta e indiretamente, com artimanhas muito usadas, embora pouco entendidas, que o filho abra mão "momentaneamente" do próprio núcleo familiar para cuidar dela até a sua morte.
Pergunta: você diria que essa exigência é razoável?

3- Um filho de 28 anos tem dependência química, ele explica que vive esse problema por atitudes dos pais com ele quando criança, sendo portanto, responsabilidade/ dever dos mesmos cuidar dele. Eles deixam, gradualmente, sem perceberem, de cuidarem das suas vidas para tentar auxiliar o filho.
Pergunta: até onde ou quando seria razoável, se é que assim o seria, eles continuarem por esse caminho?
4- Marido entra em depressão após ter perdido o emprego e não conseguir outro, buscando anestesiar essa dor com álcool, desenvolvendo alcoolismo, deixando de cuidar do relacionamento e ficando embriagado constantemente.
Pergunta: até onde ou quando a esposa deve ou precisa ajudá-lo?

Pode-se buscar ajudar alguém por dever (débito), gosto (prazer), ética (apenas buscar o bem-estar do outro) ou troca. Entretanto, ajudar toma vida, daí a pergunta: em que nível (se é que em algum) é razoável usar o próprio viver para melhorar o viver do outro (que outro? Por quê?)?

A idéia de se responsabilizar por atos de outro que já decide por si (aqui daria uma bela discussão, cuja base poderia ser: quando alguém começa a ser dono das próprias ações?) é, no mínimo, complicado.

Resumindo, ajudar ao outro toma vida (tempo) de quem ajuda. Uma possível pergunta é: em que nível é razoável responder pelo que o outro faz ou fez? Ou uma variação no caso: em que nível se deve algo para outro? Ou ainda, usar a própria vida para auxiliar na vida do outro por quê?
 
Contudo, é verdade que alguns não conseguiriam viver se não cuidassem de outro, mas isso seria porque não veriam realização nas próprias vidas senão através dos outros, situação essa que também merece reflexão.
Portanto, ajudar é uma coisa, mas responsabilizar-se ou culpar-se pela vida ruim (ou cura dessa) ou boa de outro é outra.

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