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segunda-feira, 9 de março de 2015

Amar e Café - Parte III

Entre perfumes, é necessário café; entre amores também e entre épocas do mesmo amor, é mais questionável. O “processo do café” entre amores pode ser dividido em 3 fases: (1) cicatrizar as feridas do amor ou da fase anterior; (2) perceber onde “falhou ou faltou” e mudar no que achar razoável, e (3) aprender a escolher melhor.

Basicamente, pode-se cometer 2 tipos de posturas ou atos que machuquem ou impeçam um relacionamento saudável: (1) falta de algum comportamento ou postura e/ou (2) atitude que gere dores no parceiro ou parceira.

Exemplos comuns sobre (1) faltas de comportamentos ou posturas que machuquem a outra pessoa:
- Esposo ou esposa atacado pela família do cônjuge, amigos ou colegas de trabalho, com brincadeiras* ou às claras, sem ser defendido pelo respectivo ou respectiva.

- Esposo ou esposa se veste bem, coloca perfume, maquia e pinta as unhas para ir trabalhar e ficar “decente” durante a semana, mas chega o final de semana e fica com o pijama de flanela de aparência infantil, sem perfume, sem fazer a barba e/ou descabelado, arrumando-se apenas se for ao mercado ou shopping.

- Não compra uma lembrança inesperada, seja uma comida, flores, lingerie ou variações.

- Falta de elogios.

Exemplos comuns de (2) atitudes que costumam afastar pessoas num 
relacionamento:


- Mulher falando com um vocabulário de baixo calão e homem com comportamentos ainda tidos como femininos. Aqui não há preconceito de gênero, mas poucos homens consideram sexy uma mulher usando "palavrões" e poucas mulheres acham atraente um homem usando maquiagem e falando algo como “estou me sentindo poderosa”.

- Trair. Há muitas maneiras de trair alguém, a mais clara é ter relações afetivas, de carinho e/ou sexuais com outras pessoas, mas tem outras como estar doente ou precisando muito de ajuda e o cônjuge se preocupar em fazer as unhas ou ir a um jogo de futebol.

- Ser agressivo nas palavras ou posturas.

- Fazer piada com a outra pessoa. Ao fazer piada de alguém, geralmente, está embutida uma violência que gera o riso, seja uma piada referente à cor de pele, etnia, local de nascimento, opção sexual, condição cultural ou financeira e por aí vai. O amado ou amada não deveria ser objeto de risos, mas apenas de sorrisos. Brincar juntos é uma coisa, fazer piada um do outro, frequentemente magoa. As piadas costumam ser como pimenta, tirando facilmente o sabor de um alimento, sobrando nada a não ser ela, exemplo: uma mulher fica pronta para sair e o marido comenta “com essa barriguinha não tem como você ficar bem com vestidos justos... rsrsrs”, ou a mulher dizendo “viu como a minha amiga é bem tratada pelo namorado, Ele sabe cuidar de uma mulher... hahaha”!!!

- Ser preciso e cruel nas críticas e pobre nos elogios.
- Não cuidar do próprio corpo. Fazer-se bonita ou bonito, minimamente, é razoável, a coisa de “precisam me aceitar como sou e me acharem sexy independentemente do que eu fizer”, costuma ser um grosseiro erro, bom para a autoestima e péssimo para a vida de casal.

Finalizando
Não mudamos, muitas vezes, porque fazemos algo que nos machuca, mas sim para conseguirmos conviver melhor com as outras pessoas, tanto na vida íntima, como na privada e pública. Falar verdades é importante, mas da mesma maneira que elas podem cortar, também merecem um cuidado para machucar o mínimo possível.


Saber cuidar do outro e se colocar no lugar do outro, eis regras de ouro para o convívio e alimento do amor, elas são frequentemente ditas, mas poucas vezes respeitadas.

* “Brincar com alguém” é fácil de se tornar “contra alguém”, não saber diferenciar um e outro pode gerar muito mais problemas do que diversões. As piadas, comumente, carregam violências silenciosas e/ou covardes, silenciosas porque não tem aparência de violência, e covardes, porque caso a pessoa responda rispidamente ou defensivamente à piada, é facilmente rechaçada com uma frase ou postura do tipo “não sabe nem brincar”.

Amar e Café - Parte II

Situação 1
Mãe amargurada por relacionamentos que não deram certo passa os primeiros 15 anos da vida de seus filhos dizendo que relacionamento é uma fantasia ou algo muito provisório.


Situação 2
Homem de 29 anos de idade descobre que a sua esposa o traiu inúmeras vezes.


Situação 3
Mulher de 45 anos de idade decide nunca mais se relacionar após ter tentado por anos com diferentes homens e rejeições.


Quem conseguiria passar pelas situações acima descritas sem ter sua alma violentada e envenenada para um próximo vínculo amoroso?

Muitas podem ser as sequelas referentes a vínculos amorosos, algumas: todas as mulheres (ou homens) são iguais, não adianta se relacionar ou insistir num casamento; as pessoas não mudam, o que elas fizeram aos 20, farão aos 30, 40 e 50, traindo sempre, sendo sempre “umbiguistas”; sempre serei rejeitada, então, antes disso acontecer, já finalizo o relacionamento; qualquer pessoa serve, até porque será ruim de qualquer maneira; homens e mulheres são muito intolerantes, não aceitam qualquer deslize ou desvio no padrão do que querem no outro, seja o homem ser um pouco careca ou a mulher ter algumas estrias e celulite.

Um remédio que funciona para muitas das feridas é aprender a se valorizar independentemente do outro, mesmo sabendo que teve faltas ou falhas, mas também belezas e virtudes. Apesar de ser fundamental alguém se dedicar a evoluir num próximo vínculo amoroso e escolher melhor com quem se relacionar, mas isso é assunto para os textos “Café e Amar – Parte III e IV”, respectivamente.

As vivências doloridas pelas quais cada um passa até podem vir a ocorrer novamente, mas na medida em que aprender a lidar com esses golpes possíveis, machucar-se-ão menos, podendo inclusive chegar num ponto em que o nível de entrega é o mesmo que se teve numa época em que as dores do amor traído ou falecido não passavam de ficção ou lágrimas derramadas pelo que nunca sofreu.

Entregar-se a um amor com a pureza de um coração cheio de cicatrizes e sem cortes, talvez essa seja uma busca justa do amar com leveza e sabedoria.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Amar e Café - Parte I

Situação
Mulher acredita ter encontrado o homem da sua vida, mas a sua história em outros relacionamentos a faz desconfiar do que sente e do futuro do que se está construindo, devido a isso, investe menos no novo amor, decorrente desse menor investimento, o homem se sente desvalorizado e entende que ela não o quer como ele a ela, desse ponto, ele investe menos, ela percebe um leve afastamento dele, que a leva a confirmar o achismo que o presente será como o passado, colocando menos ainda do seu futuro e presente no casal, piorando a impressão dele, que o leva a se dedicar menos, piorando a visão dela, até que nada mais sobra.

Quem, depois dos 30 anos de vida, tendo tido pelo menos uma separação ou casamento, consegue não ter sequelas que dificultem um próximo relacionamento ou o atual? Sequelas são as posturas, atitudes, pensamentos e sentimentos aprendidas ou formadas em si depois de um relacionamento, ou até dentro de um relacionamento que limitam ou machucam, desnecessariamente, o convívio do casal.
A ideia básica das sequelas é que o que aconteceu de ruim, repetir-se-á num próximo relacionamento, confundindo assim o passado com o presente, “o” ou “a” ex- com “o” ou “a” atual. Nada mais brutal, nada mais errado.
Quando se vai a uma loja de perfumes, após experimentar 2 ou 3 deles, indica-se café, para então conseguir sentir o cheiro, de fato, do próximo, sem confundir a todos. O mesmo precisa ser feito entre relacionamentos e até no mesmo relacionamento (a cada ano, precisar-se-ia reler a pessoa que está à sua frente, perguntando-se: no que ela mudou? Quais gostos mudaram? Ela está mais ou menos confiante? Mais ou menos feliz? Estamos melhores ou piores do que 1 ano atrás?).
O “café” pode vir em 3 vertentes:
1- Quais feridas ou cortes ficaram?
2- Onde faltei ou falhei? Como melhorar?
3- O quê procurar num próximo relacionamento?

Qualquer uma das três vertentes é complexa e cheia de detalhes e que podem fazer toda a diferença. No texto “Parte II”, procurarei abordar a primeira vertente, na “Parte III”, a segunda e por aí vai.
Ao "cheirar e tomar café", a maturidade daí decorre, o amar puro daí pode germinar, aquele das quais músicas, como "Linda" do “Roupa Nova”, ganham vida, dentre tantas outras.
Entendo as músicas da sociedade como um termômetro do educar e do que foi educado na sociedade, basta comparar a letra da primeira música e da poesia em seguida (transformada parcialmente em música por Toquinho, acredito) e se perguntar o que é se relacionar numa e noutra:
Música: "Já Sei Namorar"
Grupo: Tribalistas

Já sei namorar
Já sei beijar de língua
Agora só me resta sonhar
Já sei onde ir
Já sei onde ficar
Agora só me falta sair

Não tenho paciência pra televisão
Eu não sou audiência para a solidão
Eu sou de ninguém
Eu sou de todo mundo
E todo mundo me quer bem
Eu sou de ninguém
Eu sou de todo mundo
E todo mundo é meu também

Já sei namorar
Já sei chutar a bola
Agora só me falta ganhar
Não tenho juízo
Se você quer a vida em jogo
Eu quero é ser feliz

Não tenho paciência pra televisão
Eu não sou audiência para a solidão
Eu sou de ninguém
Eu sou de todo mundo
E todo mundo me quer bem
Eu sou de ninguém
Eu sou de todo mundo
E todo mundo é meu também

Tô te querendo
Como ninguém
Tô te querendo
Como Deus quiser
Tô te querendo
Como eu te quero
Tô te querendo
Como se quer
(2x)

Letra e Música: Para Viver Um Grande Amor
Autor: Vinicius de Moraes
Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor.
Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor.
Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor.
Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.
Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.
Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô — para viver um grande amor.
Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.
É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...
Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?
Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor.
É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que — que não quer nada com o amor.
Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva escura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor.
Texto extraído do livro "Para Viver Um Grande Amor", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1984, pág. 130.