sexta-feira, 13 de junho de 2008

Falsidades (Des-)Necessárias

Situação
Na aula de inglês, o professor pergunta:
- How are you?

Ao que o aluno responde com perfeição que está cansado porque comeu algo estragado no dia anterior e passou a noite mal.

Respondendo o professor com leve tom de repreensão:
- Não caro aluno, é apenas para responder:
- I’m fine. Thanks.

Comentários
A pergunta “como você está?” serve aqui apenas para fazer de conta que o outro é importante e que se interessa em saber como anda a sua vida. Por sua vez, o ouvinte, para não incomodá-lo, até porque sabe que ele está apenas cumprindo um protocolo de etiqueta, diz “Estou bem”, e para aparentar agradecimento, continua “Agradeço o seu interesse”.

A relação fica claramente estabelecida em padrões de etiqueta/ falsidade. Isso se aprofunda para relações humanas mais complexas como homem-mulher, pais-filhos e entre parentes. Quantos pais querem, realmente, saber como seus filhos estão? Não é incomum um pai ou mãe que sofre ao perder um filho tendo como fonte de dor não a perda de quem amava, mas uma culpa por achar que deveria ter feito algo que evitasse a morte. Quantos filhos gostam de ficar conversando por horas com seus pais e vice-versa? No entanto, dizem que se amam.

Situação
Homem para mulher:
- “Como você está?”

Resposta dela:
- “De uma maneira que você não quer saber”.

Comentários
Essa seria uma resposta verdadeira, mas completamente contra o politicamente correto, etiqueta, ou se preferir ainda, a falsidade oficializada.

Concluindo
Quantos conseguem lidar com o fato de que significam nada ou pouco para a maioria esmagadora das pessoas? Quantos filhos conseguem lidar com tranqüilidade com o fato de que os pais preferem o seu irmão ou apenas estão cumprido com os deveres de pais?

No geral, as pessoas não têm auto-estima, mas sim uma hetero-auto-estima, pois dependem do que os outros dizem sobre elas, daí a enorme preocupação com o que outros pensam sobre si, podendo se tornarem tímidas ou sociáveis, umas com medo da opinião dos outros, outras querendo ser gostadas pela maior quantidade possível de pessoas, entre outras possibilidades.


Por essas razões, é necessário que existam regras de conduta para dar a impressão de que todos são importantes para outros, alimentando a alienação referente às relações humanas, necessária à maioria.

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