sexta-feira, 18 de julho de 2008

Certezas sobre o viver: alienação, arrogância, autodefesa e/ou manipulação?


“Há apenas um verdadeiro bem”.
(alienação)
Pascal

“Eu estou certo! Na medida em que você crescer, perceberá isso”.
(arrogância)

“EU fui uma esposa perfeita! Ele que não percebeu isso! Você jamais achará alguém como eu”.
(defesa da vaidade)

“Você até tem livre-arbítrio para fazer o que quiser, mas se fizer diferente do que estou dizendo, queimará no inferno”.
(manipulação dos pastores sobre ovelhas)

Há três compreensões possíveis para a expressão “fazer a coisa certa”: 1) o que é universal, ou seja, que vale para todas as pessoas, como a natureza, estudada pela biologia, física, química e psicologia, no que se refere à compreensão do que acontece ou aconteceu; 2) o que é apenas individual, referente às noções de moral, belezas, feiúras, quaisquer tipos de valores, significados da vida e decisões de como viver; e 3) o quanto alguém consegue fazer o que se propõe, sendo tão mais certo quanto mais atingir o seu objetivo.

Para os fins deste texto, nos atenhamos à segunda noção, que observa em especial a questão de valores/ princípios morais.

Qual a resposta certa para as perguntas “como viver”? Casar ou se separar? Ter um filho ou comprar um carro? Rezar para (um) Deus ou orar em prol da própria força e decisão para fazer as engrenagens do sobreviver funcionarem? Trabalhar 16 horas por dia por seis dias e meio ou viver num casebre numa praia trabalhando pouco? Ter filhos ou apenas se dedicar ao relacionamento do casal?

Qualquer pessoa que tentar dar uma resposta única a essa pergunta pode ser considerada alienada, arrogante, governada pela vaidade ou manipuladora, misturados em maior ou menor nível, ou singulares.

Tudo que se referir a moral ou imoral, belo ou feio, é individual, embora muitos pensem que seja universal, alguns erros costumam ocorrer:

a- Acreditar que existe um único bem: ora, o cristão acha que o judeu e muçulmano estão errados, e vice-versa, cada um pensando que só há uma religião reta, a dele. Nada pode estar mais distante do correto, que é o fato de não haver O correto, apenas invenções de manuais de como viver. Havendo milhares que matam tantos outros por não acreditarem nas mesmas coisas.

b- Carregar a verdade de como viver: o que pode ser considerado mais divino do que deter o único significado e sentido para a vida? A arrogância envolvida nessa idéia é estratosférica. Há, de fato, alguns que tenham boas idéias de como viver nobremente, entretanto, imagine-se uma mesa onde estariam conversando Moisés, Maomé, Jesus Cristo e Buda sobre a vida, qual seria a possibilidade de um convencer o outro sobre as suas verdades universais de como viver corretamente? Todas seriam, provavelmente, idéias interessantes de condutas para a vida, mas afirmar como universais é exagero.

c- A opinião negativa tende a machucar a vaidade: para evitar uma crítica e possível orgulho ferido, ter-se como o certo e o perfeito é uma excelente solução. Entretanto, a superação de si sem a reflexão sobre os próprios erros ou limites é de baixa probabilidade.

d- A sedução através do instinto: seduzir é descobrir o que dá prazer ou dor para alguém e vender uma idéia ou produto dizendo que levará ao prazer ou evitará uma dor. O que pode ser mais prazeroso do que um Paraíso de eterno prazer? O que daria mais medo do que passar a eternidade queimando diariamente sem morrer?

NÃO há uma forma correta de como viver, há apenas possibilidades, as quais levarão em conta o outro em maior ou menor nível, facilitando tanto mais a vivência em conjunto quanto melhor propiciar esse bem-estar para todos.

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