quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

A Arte de Furar os Próprios Olhos

Enquanto uma mulher não observar o fato de estar num casamento ruim, ela não precisa fazer coisa alguma; enquanto um homem não falar para o espelho que o seu trabalho paga bem, mas não traz gosto pela vida, ele não precisa mudar coisa alguma; enquanto pais não observarem o abuso de drogas da filha, eles acreditam que o caminho atual esteja bom; enquanto o passado ruim for massacrado e "desaparecido", mágoas não ficam, dores e cortes são soterrados; ao não observar as reais intenções do amigo, nunca estará claro que ele o vê como um degrau para outro objetivo que não o próprio amigo.

No pacote de "tapar ou furar os próprios olhos", diferentes mecanismos de defesa podem ser utilizados, sempre com 2 finalidades: não ver/ouvir a verdade e não precisar pagar o preço em suor e lágrimas das mudanças.
A verdade traz a possibilidade de responsabilidade, a ignorância mantém o "status quo". Não foram poucos que utilizaram as expressões "doce ignorância" e "felicidade ou verdade, não as duas ao mesmo tempo"; mas é possível ver as coisas como são e lidar bem com elas, o nome disso é sabedoria.
É fato que sabedorias cobram os seus preços, mas à médio e longo prazo, vale o esforço, até porque não acredito que exista tristeza maior do que chegar ao final da vida confessando a si que viveu mal por medo de enfrentar a verdade e seus cortes.
E o meu avô, Victório Velloso, disse melhor: "Qualquer dor ou pergunta que você tenha, algum filósofo já passou por ela e escreveu bem sobre como lidar com a coisa." Alguns deles: Montaigne, Nietzsche, Sêneca e Epicuro.

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